João Domingos, Vera Rosa
BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff pediu ontem ao vice-presidente Michel Temer e ao presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), que acalmem o PMDB, pois ainda não tomou qualquer decisão quanto à reforma ministerial. Ela disse a ambos que só tomará uma decisão sobre o ministério depois do dia 29. Com isso, sinalizou um possível recuo quanto à decisão de não dar nenhuma nova pasta ao partido.
A conversa precedeu o encontro da cúpula do PMDB na noite de ontem, no qual o partido iria discutir o sinal que Dilma deu na segunda-feira a Temer de que a sigla não ganharia nenhum novo ministério na reforma. Integrantes do partido ameaçaram promover uma rebelião.
Dilma quer acelerar a reforma ministerial e, após a conversa considerada "difícil" com Temer na segunda-feira, começou a fazer a triagem no PT. Para a vaga do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, a presidente pretende escalar o empresário Josué Gomes da Silva, da Coteminas. Filho do vice-presidente José Alencar, morto em 2011, Josué se filiou recentemente ao PMDB. É também considerado uma espécie de "curinga" para a eleição em Minas, na chapa de Pimentel.
O PMDB, porém, já avisou que a eventual nomeação de Josué será contabilizada na cota pessoal de Dilma, e não na do partido, que hoje controla cinco ministérios (Minas e Energia, Previdência, Agricultura, Aviação Civil e Turismo).
A mudança abriria caminho para o Ministério do Turismo, comandado pelo PMDB, ser oferecido ao PTB, outro partido aliado que Dilma quer contempiar na reforma do primeiro escalão. Insatisfeitos com a resistência de Dilma em entregar a Integração Nacional para o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), parlamentares e dirigentes do PMDB se reuniram ontem à noite com o vice-presidente Michel Temer, no Palácio do Jaburu.
Antes, Temer e Renan conversaram a sós com Dilma. O presidente do Senado avisou que a situação estava amuito tensa" porque o partido se sentia "desprestigiado" pela presidente.
Saúde. Distante da solução "caseira" nas trocas do primeiro escalão, o secretário da Saúde de São Bernardo do Campo, Arthur Chioro (PT), passou agora a ser o favorito para a cadeira do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que deixará o cargo em fevereiro para concorrer ao governo de São Paulo.
Dilma teve longa conversa sobre o assunto, na terça-feira, com o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, chamado às pressas ao Palácio do Planalto. Na avaliação do PT, o perfil de Chioro - diretor no Ministério da Saúde no período de 2003 a 2005 ajuda tanto a campanha de Dilma como a de Padilha. Aprovada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a indicação está sob análise da presidente. Chioro é presidente do Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo (Cosems) e, nesta condição, pode disputar a agenda da saúde com o governador Geraldo Alckmin (PSDB), candidato à reeleição e principal adversário de Padilha.
Colaborou Rafael Moraes Moura
Fonte: O Estado de S. Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário