Merval Pereira
DEU EM O GLOBO
NOVA YORK. Desde o início desta semana os cadastrados na campanha de Barack Obama estão sendo estimulados a fazer doações ou até mesmo a se apresentarem como voluntários para ajudar as vítimas dos incêndios na Califórnia. A mensagem diz que durante a campanha ficou comprovado que quando pessoas comuns agem em conjunto, fazem uma grande diferença. O aparato tecnológico montado pela campanha do democrata começa assim a ser utilizado para a mobilização da sociedade civil, uma espécie de convocação para o serviço voluntário que Obama havia dito seria a "causa central" de sua presidência.
O site de Obama é uma grande rede social que tem mais de um milhão de cadastrados, gerou 750 mil voluntários na campanha e oito mil grupos de afinidades, com militantes "obamistas" trocando informações. Quando Obama disse, em suas primeira entrevista coletiva, que a escolha do primeiro-cachorro, uma tradição da Casa Branca, era o assunto mais falado no seu site, estava demonstrando que não apenas acompanha as discussões como as considera importantes.
Também a mensagem que passou a enviar pelo You Tube é a marca da comunicação transparente que pretende imprimir à sua gestão. Os assessores usam o sistema Twitter de mensagens instantâneas, e interagem com as comunidades no Orkut, Facebook e MySpace. A campanha de Obama foi comparada a uma empresa de Internet, e contou com a ajuda voluntária especialistas nas novas tecnologias, e agora começará uma segunda etapa, a de mobilizar a sociedade civil.
Obama está sendo um pioneiro em "socializar" a política, tirando-a do plano restrito dos profissionais da área para compartilhá-la com seus eleitores e militantes. Este é um conceito totalmente novo de fazer política, que era, segundo David Singh Grewal em "Network Power", a única atividade que continuava restrita ao plano nacional, quase que provinciana diante de um mundo que tem todas as suas principais manifestações globalizadas: finanças, cultura, comportamento.
O sucesso da candidatura de Barack Obama no mundo deve-se a essa globalização da comunicação, e ao sentimento generalizado de que era preciso uma mudança no governo dos Estados Unidos depois de oito anos da era Bush.
A noção de sociedade civil teve uma inversão completa de sentido até os dias atuais, devido às novas tecnologias. Até o século XVII, sociedade civil definia a sociedade politicamente organizada. Depois da Revolução Francesa, passou a definir a sociedade sem o Estado.
O cientista político francês Dominique Colas, do Instituto de Estudos Políticos de Paris, reforça a interpretação política da sociedade civil atual dizendo que ela designa "a vida social organizada segundo sua própria lógica".
Esse moderno conceito, que destaca a capacidade de os indivíduos assumirem seus próprios destinos, define o que o sociólogo Manuel Castells, da Universidade Southern California, dos Estados Unidos, classifica de a "sociedade civil global" que estaria se formando, uma sociedade que, devido aos novos meios tecnológicos disponíveis, poderia existir "independentemente das instituições políticas e do sistema de comunicação de massas".
Na busca de preencher "o vazio de representação", essa nova sociedade tenta se impor através de mobilizações espontâneas, como as que aconteceram durante a campanha de Obama. Castells vê muitos "significados políticos" no potencial da internet quando se transforma em um meio autônomo de organização, independente de um comando central de controle: criaria "um espaço público como instrumento de organização e meio de debate, diálogo e decisões coletivas".
Para Castells, a sociedade civil é o espaço intermediário entre o Estado e os cidadãos, e seria um canal para a transformação do Estado a partir da pressão organizada da sociedade, "sem limitar o processo democrático representativo a eleições e à política formal".
Utilizando toda essa ferramenta tecnológica para não apenas arrecadar fundos de campanha, abrindo mão do financiamento público, mas também para estimular a mobilização de grupos que normalmente não participavam da política, como os jovens e as minorias, Obama conseguiu sobrepujar diversos obstáculos que o colocavam como um perdedor natural diante da candidatura preferida da senadora Hillary Clinton.
Depois, na campanha propriamente dita, conseguiu neutralizar os ataques e divulgar suas idéias através da vasta rede que montou. Agora, vai utilizá-la para conseguir a participação ativa da sociedade em sua presidência, num momento de crise financeira que necessitará de solidariedade e trabalho conjunto.
De 12 a 15 de outubro, realizou-se aqui nos Estados Unidos a Conferência Internacional sobre Traumatismo Cerebral e suas conseqüências. Entre os 15 cientistas convidados, da União Européia, Canadá, Estados Unidos, havia apenas uma brasileira, a diretora-executiva da Rede Sarah, Lúcia Willadino Braga.
Os debates aceleraram a decisão por parte do Congresso Americano de desenvolver uma política pública relativa ao assunto, face o grande número de jovens feridos de guerra com o qual os Estados Unidos se depara no momento.
O Congresso Americano, tendo criado uma Força de Trabalho para enfrentar o problema, solicitou formalmente a participação da Rede SARAH na elaboração das políticas que permitam soluções para a integração dos jovens vítimas de traumatismo no crânio.
DEU EM O GLOBO
NOVA YORK. Desde o início desta semana os cadastrados na campanha de Barack Obama estão sendo estimulados a fazer doações ou até mesmo a se apresentarem como voluntários para ajudar as vítimas dos incêndios na Califórnia. A mensagem diz que durante a campanha ficou comprovado que quando pessoas comuns agem em conjunto, fazem uma grande diferença. O aparato tecnológico montado pela campanha do democrata começa assim a ser utilizado para a mobilização da sociedade civil, uma espécie de convocação para o serviço voluntário que Obama havia dito seria a "causa central" de sua presidência.
O site de Obama é uma grande rede social que tem mais de um milhão de cadastrados, gerou 750 mil voluntários na campanha e oito mil grupos de afinidades, com militantes "obamistas" trocando informações. Quando Obama disse, em suas primeira entrevista coletiva, que a escolha do primeiro-cachorro, uma tradição da Casa Branca, era o assunto mais falado no seu site, estava demonstrando que não apenas acompanha as discussões como as considera importantes.
Também a mensagem que passou a enviar pelo You Tube é a marca da comunicação transparente que pretende imprimir à sua gestão. Os assessores usam o sistema Twitter de mensagens instantâneas, e interagem com as comunidades no Orkut, Facebook e MySpace. A campanha de Obama foi comparada a uma empresa de Internet, e contou com a ajuda voluntária especialistas nas novas tecnologias, e agora começará uma segunda etapa, a de mobilizar a sociedade civil.
Obama está sendo um pioneiro em "socializar" a política, tirando-a do plano restrito dos profissionais da área para compartilhá-la com seus eleitores e militantes. Este é um conceito totalmente novo de fazer política, que era, segundo David Singh Grewal em "Network Power", a única atividade que continuava restrita ao plano nacional, quase que provinciana diante de um mundo que tem todas as suas principais manifestações globalizadas: finanças, cultura, comportamento.
O sucesso da candidatura de Barack Obama no mundo deve-se a essa globalização da comunicação, e ao sentimento generalizado de que era preciso uma mudança no governo dos Estados Unidos depois de oito anos da era Bush.
A noção de sociedade civil teve uma inversão completa de sentido até os dias atuais, devido às novas tecnologias. Até o século XVII, sociedade civil definia a sociedade politicamente organizada. Depois da Revolução Francesa, passou a definir a sociedade sem o Estado.
O cientista político francês Dominique Colas, do Instituto de Estudos Políticos de Paris, reforça a interpretação política da sociedade civil atual dizendo que ela designa "a vida social organizada segundo sua própria lógica".
Esse moderno conceito, que destaca a capacidade de os indivíduos assumirem seus próprios destinos, define o que o sociólogo Manuel Castells, da Universidade Southern California, dos Estados Unidos, classifica de a "sociedade civil global" que estaria se formando, uma sociedade que, devido aos novos meios tecnológicos disponíveis, poderia existir "independentemente das instituições políticas e do sistema de comunicação de massas".
Na busca de preencher "o vazio de representação", essa nova sociedade tenta se impor através de mobilizações espontâneas, como as que aconteceram durante a campanha de Obama. Castells vê muitos "significados políticos" no potencial da internet quando se transforma em um meio autônomo de organização, independente de um comando central de controle: criaria "um espaço público como instrumento de organização e meio de debate, diálogo e decisões coletivas".
Para Castells, a sociedade civil é o espaço intermediário entre o Estado e os cidadãos, e seria um canal para a transformação do Estado a partir da pressão organizada da sociedade, "sem limitar o processo democrático representativo a eleições e à política formal".
Utilizando toda essa ferramenta tecnológica para não apenas arrecadar fundos de campanha, abrindo mão do financiamento público, mas também para estimular a mobilização de grupos que normalmente não participavam da política, como os jovens e as minorias, Obama conseguiu sobrepujar diversos obstáculos que o colocavam como um perdedor natural diante da candidatura preferida da senadora Hillary Clinton.
Depois, na campanha propriamente dita, conseguiu neutralizar os ataques e divulgar suas idéias através da vasta rede que montou. Agora, vai utilizá-la para conseguir a participação ativa da sociedade em sua presidência, num momento de crise financeira que necessitará de solidariedade e trabalho conjunto.
De 12 a 15 de outubro, realizou-se aqui nos Estados Unidos a Conferência Internacional sobre Traumatismo Cerebral e suas conseqüências. Entre os 15 cientistas convidados, da União Européia, Canadá, Estados Unidos, havia apenas uma brasileira, a diretora-executiva da Rede Sarah, Lúcia Willadino Braga.
Os debates aceleraram a decisão por parte do Congresso Americano de desenvolver uma política pública relativa ao assunto, face o grande número de jovens feridos de guerra com o qual os Estados Unidos se depara no momento.
O Congresso Americano, tendo criado uma Força de Trabalho para enfrentar o problema, solicitou formalmente a participação da Rede SARAH na elaboração das políticas que permitam soluções para a integração dos jovens vítimas de traumatismo no crânio.
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