Carla Kreefft
Publicado em: 31/05/2009
DEU EM O TEMPO (MG)
Escolha. Ele diz que se filiou ao PPS por discordar do presidente Lula epara prestar contas do passado
Publicado em: 31/05/2009
DEU EM O TEMPO (MG)
Escolha. Ele diz que se filiou ao PPS por discordar do presidente Lula epara prestar contas do passado
Ex-presidente critica 3º mandato e fala sobre chances de Aécio no PSDB
O ex-presidente Itamar Franco, agora nos quadros do PPS, em entrevistaexclusiva a O TEMPO, afirma que sua filiação tem um objetivo claro de fazeroposição ao governo federal e permitir sua maior participação na vidapolítica. Ele não manifesta desejo de se candidatar em 2010, mas declara quechegou o momento de dar algumas respostas relativas ao período em queexerceu a Presidência e o governo de Minas. Algumas dessas respostas já sãoexplicitadas durante a entrevista. As declarações do presidente Lula de quefoi um erro indicar políticos derrotados para embaixadas em lugar dediplomatas de carreira foi rebatida pelo ex-presidente, que também cobrouuma posição mais demarcada da oposição, por exemplo, na disputa pelos cargosmais importantes na CPI que vai investigar a Petrobras. Para Itamar, aoposição precisa parar de ficar só olhando e começar a "espiar".
Sobre o processo eleitoral de 2010, ele manifesta algumas preocupações. Apossibilidade de um terceiro mandato para Lula é uma delas. Itamar avaliaque, se houver quebra dos preceitos constitucionais, o PPS deverá recorrer àJustiça. Para o ex-presidente, a eleição do ano que vem será complicada,especialmente em função da não exigência pela Justiça Eleitoral deconformidade entre as coligações nacional e as estaduais.
Aliado do governador Aécio Neves (PSDB), Itamar reconhece a dificuldade dotucano para conquistar a condição de candidato a presidente. Lembrando quepassou por situação semelhante no PMDB, ele acredita que as prévias sãoimportantes para as pretensões de Aécio.
Entrevista
Sobre o processo eleitoral de 2010, ele manifesta algumas preocupações. Apossibilidade de um terceiro mandato para Lula é uma delas. Itamar avaliaque, se houver quebra dos preceitos constitucionais, o PPS deverá recorrer àJustiça. Para o ex-presidente, a eleição do ano que vem será complicada,especialmente em função da não exigência pela Justiça Eleitoral deconformidade entre as coligações nacional e as estaduais.
Aliado do governador Aécio Neves (PSDB), Itamar reconhece a dificuldade dotucano para conquistar a condição de candidato a presidente. Lembrando quepassou por situação semelhante no PMDB, ele acredita que as prévias sãoimportantes para as pretensões de Aécio.
Entrevista
Alerta sobre manobra para 3º mandato
"O governador Aécio Neves está certo de querer as prévias. Se ele dependersó da executiva nacional do PSDB, dificilmente ele terá chances de superar ogovernador de São Paulo."
O senhor ficou um tempo sem partido e agora escolhe o PPS. Quais são osmotivos dessa escolha?
Eu só deixei o PMDB porque havia uma ditadura partidária. Então, por que oPPS neste instante? Primeiro, eu não sou de fazer voo solo, eu tenho que teruma estrutura partidária. E das estruturas partidárias que eu vejoposicionadas na política nacional, o PPS é a que mais me convém. Nãoeleitoralmente, eu não estou pensando eleitoralmente. Eu estou pensando emuma participação política. Por que eu preciso da estrutura partidária?Porque vai chegar a época, eu já estou percebendo, que eu vou ter queresponder a algumas coisas do meu governo. Seja no governo de Minas, seja naPresidência da República. E eu sozinho não tenho condições.
Por que o senhor acredita que esse momento vai chegar?
Teve uma reunião outro dia, com diplomatas, teve uma coisa que me deixouestarrecido: o presidente dizer que político derrotado deve ser embaixador.É um caso de amnésia. O país parece sofrer de amnésia. Não era o meu caso.Eu não era derrotado. Eu era o governador de Minas e estava fazendo acampanha dele (Lula). Um governador de oposição fazendo a campanha dele, apedido do ministro José Dirceu, que está aí e pode confirmar. Eu fui oprimeiro a lançar nome dele, em Ouro Preto. Eu pergunto: quem que vairesponder a isso?
O senhor acredita na possibilidade de um terceiro mandato para Lula?
Isso aí é quebrar toda a ordem democrática e o estado de direito. Espero quenão aconteça. E aí, os partidos de oposição têm que ficar muito atentos. Em1980, eu era senador, e o governo prorrogou os mandatos dos prefeitos,quebrando toda a ordem republicana. A gente não aceitou aquilo, a gente nãoaceitou fazer as votações e às quatro horas da manhã aprovaram, depois deduas votações. E eu fui ao Supremo e houve lá um ministro que disse que, porconveniência do regime, eles não podiam aceitar as nossas alegações. Então,quando você pergunta se eu acredito, eu não desacredito não. Eles estãotentando. E é preciso que a oposição fique atenta. Eles têm uma coisa que émuito fácil, o chamado plebiscito.
E a possibilidade da prorrogação por mais dois anos?
Olha, eu espero que não. Mas quem faz uma reeleição, faz duas, três, quatro.Então, eu repito: tudo é possível quando você não tem regras de Estado e temuma maioria dócil e interessada. Eu acho que os partidos de oposiçãodeveriam chamar a atenção. Pretendo avaliar isso com o PPS, na reunião daexecutiva estadual, na quinta-feira.
O que o senhor vai avaliar com o PPS?
Eu acho que o PPS não deve só olhar, ele deve, espiar. Por que? LembrandoGuimarães Rosa. Que dizia o seguinte: o mineiro não olha, o mineiro espia.Eu acho que o PPS tem que espiar. E já dizer, através de sua direçãonacional, se ela concordar, que, se o Congresso violentar a ordemconstitucional brasileira, vai recorrer ao Supremo. Já deve avisar.
A escolha então do PPS do senhor, hoje, é para se posicionar claramente naoposição ao atual governo?
Sim, claro. Os ponteiros da bússola da oposição estão desnorteados. E as eleições?
Nós vamos ter um quadro diferente. Nós vamos ter uma eleição interessante.Mas ao mesmo tempo ela apresenta uma fragilidade. Qual é a fragilidade?Através de uma resolução, o Superior Tribunal Eleitoral tornou mais, digamosassim, mais regionais os partidos. Os partidos brasileiros hoje sãoregionais. No momento em que ele diz o seguinte: eu posso estar numacoligação nacional com determinado candidato e no Estado posso ter outro,ele regionalizou o processo. E isso não é bom.Hoje, o governador Aécio Neves tem dificuldade com sua candidatura àPresidência no PSDB...Vivi situação parecida dentro do PMDB e como é difícil. O governador AécioNeves está certo de querer as prévias. Se ele depender só da executivanacional do PSDB, dificilmente ele terá chances de superar o governador deSão Paulo. O governador Aécio não tem mais condição de mudar de partido,acho eu. Essa janela para mudança de partido de seis meses, sob a minhaótica, não cabe no perfil do governador Aécio. Por que? Se ele disputa asprévias, ele vai respeitar e o resultado. Aécio é muito ético. Se ele perder- tomara que não -, ele não deverá sair do partido (essa é minha tese).
E sobre a CPI da Petrobras?
Eu acho que a oposição precisa esclarecer melhor a opinião pública. E euposso dizer isso porque eu fui presidente da República e não privatizei aPetrobras. No governo militar, tivemos uma tentativa de criação de CPI quenão foi impedida. Tivemos algumas dificuldades inicialmente, mas nóstínhamos três senadores da oposição e oito senadores do governo. Isso nogoverno militar. Eu, na oposição, fui escolhido presidente da comissão. Nãohouve quebra do rito. Havia um ritual no Senado e o regime militarrespeitou. Então, não é verdade que a presidência e a relatoria sempreficaram nas mãos dos governistas.
"O governador Aécio Neves está certo de querer as prévias. Se ele dependersó da executiva nacional do PSDB, dificilmente ele terá chances de superar ogovernador de São Paulo."
O senhor ficou um tempo sem partido e agora escolhe o PPS. Quais são osmotivos dessa escolha?
Eu só deixei o PMDB porque havia uma ditadura partidária. Então, por que oPPS neste instante? Primeiro, eu não sou de fazer voo solo, eu tenho que teruma estrutura partidária. E das estruturas partidárias que eu vejoposicionadas na política nacional, o PPS é a que mais me convém. Nãoeleitoralmente, eu não estou pensando eleitoralmente. Eu estou pensando emuma participação política. Por que eu preciso da estrutura partidária?Porque vai chegar a época, eu já estou percebendo, que eu vou ter queresponder a algumas coisas do meu governo. Seja no governo de Minas, seja naPresidência da República. E eu sozinho não tenho condições.
Por que o senhor acredita que esse momento vai chegar?
Teve uma reunião outro dia, com diplomatas, teve uma coisa que me deixouestarrecido: o presidente dizer que político derrotado deve ser embaixador.É um caso de amnésia. O país parece sofrer de amnésia. Não era o meu caso.Eu não era derrotado. Eu era o governador de Minas e estava fazendo acampanha dele (Lula). Um governador de oposição fazendo a campanha dele, apedido do ministro José Dirceu, que está aí e pode confirmar. Eu fui oprimeiro a lançar nome dele, em Ouro Preto. Eu pergunto: quem que vairesponder a isso?
O senhor acredita na possibilidade de um terceiro mandato para Lula?
Isso aí é quebrar toda a ordem democrática e o estado de direito. Espero quenão aconteça. E aí, os partidos de oposição têm que ficar muito atentos. Em1980, eu era senador, e o governo prorrogou os mandatos dos prefeitos,quebrando toda a ordem republicana. A gente não aceitou aquilo, a gente nãoaceitou fazer as votações e às quatro horas da manhã aprovaram, depois deduas votações. E eu fui ao Supremo e houve lá um ministro que disse que, porconveniência do regime, eles não podiam aceitar as nossas alegações. Então,quando você pergunta se eu acredito, eu não desacredito não. Eles estãotentando. E é preciso que a oposição fique atenta. Eles têm uma coisa que émuito fácil, o chamado plebiscito.
E a possibilidade da prorrogação por mais dois anos?
Olha, eu espero que não. Mas quem faz uma reeleição, faz duas, três, quatro.Então, eu repito: tudo é possível quando você não tem regras de Estado e temuma maioria dócil e interessada. Eu acho que os partidos de oposiçãodeveriam chamar a atenção. Pretendo avaliar isso com o PPS, na reunião daexecutiva estadual, na quinta-feira.
O que o senhor vai avaliar com o PPS?
Eu acho que o PPS não deve só olhar, ele deve, espiar. Por que? LembrandoGuimarães Rosa. Que dizia o seguinte: o mineiro não olha, o mineiro espia.Eu acho que o PPS tem que espiar. E já dizer, através de sua direçãonacional, se ela concordar, que, se o Congresso violentar a ordemconstitucional brasileira, vai recorrer ao Supremo. Já deve avisar.
A escolha então do PPS do senhor, hoje, é para se posicionar claramente naoposição ao atual governo?
Sim, claro. Os ponteiros da bússola da oposição estão desnorteados. E as eleições?
Nós vamos ter um quadro diferente. Nós vamos ter uma eleição interessante.Mas ao mesmo tempo ela apresenta uma fragilidade. Qual é a fragilidade?Através de uma resolução, o Superior Tribunal Eleitoral tornou mais, digamosassim, mais regionais os partidos. Os partidos brasileiros hoje sãoregionais. No momento em que ele diz o seguinte: eu posso estar numacoligação nacional com determinado candidato e no Estado posso ter outro,ele regionalizou o processo. E isso não é bom.Hoje, o governador Aécio Neves tem dificuldade com sua candidatura àPresidência no PSDB...Vivi situação parecida dentro do PMDB e como é difícil. O governador AécioNeves está certo de querer as prévias. Se ele depender só da executivanacional do PSDB, dificilmente ele terá chances de superar o governador deSão Paulo. O governador Aécio não tem mais condição de mudar de partido,acho eu. Essa janela para mudança de partido de seis meses, sob a minhaótica, não cabe no perfil do governador Aécio. Por que? Se ele disputa asprévias, ele vai respeitar e o resultado. Aécio é muito ético. Se ele perder- tomara que não -, ele não deverá sair do partido (essa é minha tese).
E sobre a CPI da Petrobras?
Eu acho que a oposição precisa esclarecer melhor a opinião pública. E euposso dizer isso porque eu fui presidente da República e não privatizei aPetrobras. No governo militar, tivemos uma tentativa de criação de CPI quenão foi impedida. Tivemos algumas dificuldades inicialmente, mas nóstínhamos três senadores da oposição e oito senadores do governo. Isso nogoverno militar. Eu, na oposição, fui escolhido presidente da comissão. Nãohouve quebra do rito. Havia um ritual no Senado e o regime militarrespeitou. Então, não é verdade que a presidência e a relatoria sempreficaram nas mãos dos governistas.
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