DEU EM O ESTADO DE S. PAULO
Em dezembro, saldo ficou negativo em US$ 5,94 bilhões, pior resultado mensal desde 1947
Com um forte aumento nas remessas de lucros e dividendos pelas empresas estrangeiras, as contas externas do Brasil tiveram em dezembro de 2009 um déficit de US$ 5,94 bilhões, o pior resultado mensal da série histórica do Banco Central iniciada em 1947. O aumento dos ganhos fez as remessas das empresas somarem US$ 5,32 bilhões, valor também recorde. Em todo o ano passado, as transações correntes ficaram negativas em US$ 24,34 bilhões, mas entraram US$ 25,94 bilhões em investimentos. Para o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, “não há razão para preocupação”. Em 2010, o Banco Central espera saldo corrente negativo de US$ 40 bilhões e ingresso de US$ 45 bilhões. O mercado é menos otimista: prevê que faltarão US$ 8,5 bilhões para fechar a conta este ano.
Déficit externo atinge R$ 5,9 bilhões em dezembro, o maior desde 1947
Aumento do ganho das empresas estrangeiras elevou envio de lucros e dividendos ao exterior no último mês de 2009
Fernando Nakagawa, Fabio Graner
BRASÍLIA - O efeito do crescimento econômico nas contas externas brasileiras já começou a ser sentido com mais intensidade. Dados do Banco Central mostram que o aumento dos ganhos das empresas estrangeiras fez o envio de lucros e dividendos atingir recorde em dezembro de 2009: US$ 5,32 bilhões, ou 21% de todas as remessas do ano. Com isso, o déficit de transações correntes - resultado das operações de comércio de bens e serviços do Brasil com o exterior - atingiu US$ 5,94 bilhões no último mês do ano, o pior resultado da série, iniciada em 1947.
Em todo o ano de 2009, as transações correntes ficaram negativas em US$ 24,34 bilhões, valor inferior aos US$ 28,19 bilhões de 2008. A queda refletiu o impacto da crise na atividade econômica, especialmente no primeiro semestre, quando o Brasil experimentou uma recessão. Os números de dezembro, no entanto, deixam claro que a tendência é de rápido e substancial aumento do déficit externo do País.
Ontem, analistas foram pegos de surpresa com o saldo da remessa de lucros ao exterior em dezembro. A transferência de dólares foi 164% maior que a de novembro e 69,3% superior à cifra de dezembro de 2008, no auge da crise, quando empresas estrangeiras aumentaram fortemente as remessas para cobrir prejuízos das matrizes nos Estados Unidos e Europa.
Entre os setores que mais remeteram lucros, as montadoras lideraram com folga e responderam por 15,1% das transferências, seguidas por metalúrgicas (9,3%) e bancos (8,8%).
Vale lembrar que o setor financeiro foi a raiz da crise iniciada em 2008. E a indústria automobilística foi um dos ramos econômicos que mais sofreram no início da crise, mas também teve maior apoio do governo, com cortes de impostos que alavancaram as vendas internas.
A economista-chefe do Banco Fibra, Maristela Ansanelli, diz que a remessa de lucros será o item principal no rumo das contas externas em 2010. Para a economista, é "bem provável" que o ano tenha mais de US$ 35 bilhões em transferência de lucros, novo recorde.
Mesmo com a perspectiva de remessas recordes, menor saldo comercial e aumento das viagens internacionais e aluguel de equipamentos no exterior, o chefe do Departamento Econômico, Altamir Lopes, disse que "não há razão para preocupação" com a trajetória das contas externas. No ano passado, a conta corrente teve déficit de US$ 24,33 bilhões e entraram US$ 25,94 bilhões em investimentos. Para 2010, o BC espera saldo corrente negativo de US$ 40 bilhões, 64% mais que no ano anterior, e ingresso de US$ 45 bilhões em investimentos estrangeiros diretos (IED).
O mercado financeiro, porém, é menos otimista: prevê déficit de US$ 45,5 bilhões e IED de US$ 37 bilhões. Faltariam assim US$ 8,5 bilhões para fechar a conta. "Será preciso usar parte do dinheiro que entrar para aplicações financeiras, da chamada conta capital, para fechar os números"", diz Maristela.
Em dezembro, saldo ficou negativo em US$ 5,94 bilhões, pior resultado mensal desde 1947
Com um forte aumento nas remessas de lucros e dividendos pelas empresas estrangeiras, as contas externas do Brasil tiveram em dezembro de 2009 um déficit de US$ 5,94 bilhões, o pior resultado mensal da série histórica do Banco Central iniciada em 1947. O aumento dos ganhos fez as remessas das empresas somarem US$ 5,32 bilhões, valor também recorde. Em todo o ano passado, as transações correntes ficaram negativas em US$ 24,34 bilhões, mas entraram US$ 25,94 bilhões em investimentos. Para o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, “não há razão para preocupação”. Em 2010, o Banco Central espera saldo corrente negativo de US$ 40 bilhões e ingresso de US$ 45 bilhões. O mercado é menos otimista: prevê que faltarão US$ 8,5 bilhões para fechar a conta este ano.
Déficit externo atinge R$ 5,9 bilhões em dezembro, o maior desde 1947
Aumento do ganho das empresas estrangeiras elevou envio de lucros e dividendos ao exterior no último mês de 2009
Fernando Nakagawa, Fabio Graner
BRASÍLIA - O efeito do crescimento econômico nas contas externas brasileiras já começou a ser sentido com mais intensidade. Dados do Banco Central mostram que o aumento dos ganhos das empresas estrangeiras fez o envio de lucros e dividendos atingir recorde em dezembro de 2009: US$ 5,32 bilhões, ou 21% de todas as remessas do ano. Com isso, o déficit de transações correntes - resultado das operações de comércio de bens e serviços do Brasil com o exterior - atingiu US$ 5,94 bilhões no último mês do ano, o pior resultado da série, iniciada em 1947.
Em todo o ano de 2009, as transações correntes ficaram negativas em US$ 24,34 bilhões, valor inferior aos US$ 28,19 bilhões de 2008. A queda refletiu o impacto da crise na atividade econômica, especialmente no primeiro semestre, quando o Brasil experimentou uma recessão. Os números de dezembro, no entanto, deixam claro que a tendência é de rápido e substancial aumento do déficit externo do País.
Ontem, analistas foram pegos de surpresa com o saldo da remessa de lucros ao exterior em dezembro. A transferência de dólares foi 164% maior que a de novembro e 69,3% superior à cifra de dezembro de 2008, no auge da crise, quando empresas estrangeiras aumentaram fortemente as remessas para cobrir prejuízos das matrizes nos Estados Unidos e Europa.
Entre os setores que mais remeteram lucros, as montadoras lideraram com folga e responderam por 15,1% das transferências, seguidas por metalúrgicas (9,3%) e bancos (8,8%).
Vale lembrar que o setor financeiro foi a raiz da crise iniciada em 2008. E a indústria automobilística foi um dos ramos econômicos que mais sofreram no início da crise, mas também teve maior apoio do governo, com cortes de impostos que alavancaram as vendas internas.
A economista-chefe do Banco Fibra, Maristela Ansanelli, diz que a remessa de lucros será o item principal no rumo das contas externas em 2010. Para a economista, é "bem provável" que o ano tenha mais de US$ 35 bilhões em transferência de lucros, novo recorde.
Mesmo com a perspectiva de remessas recordes, menor saldo comercial e aumento das viagens internacionais e aluguel de equipamentos no exterior, o chefe do Departamento Econômico, Altamir Lopes, disse que "não há razão para preocupação" com a trajetória das contas externas. No ano passado, a conta corrente teve déficit de US$ 24,33 bilhões e entraram US$ 25,94 bilhões em investimentos. Para 2010, o BC espera saldo corrente negativo de US$ 40 bilhões, 64% mais que no ano anterior, e ingresso de US$ 45 bilhões em investimentos estrangeiros diretos (IED).
O mercado financeiro, porém, é menos otimista: prevê déficit de US$ 45,5 bilhões e IED de US$ 37 bilhões. Faltariam assim US$ 8,5 bilhões para fechar a conta. "Será preciso usar parte do dinheiro que entrar para aplicações financeiras, da chamada conta capital, para fechar os números"", diz Maristela.
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