DEU EM O ESTADO DE S. PAULO
Biografia do menino pobre e o histórico de líder vão se contrapor ao imaginário político explorado por Lula
Ana Paula Scinocca
Mais José e menos Serra. É com essa fórmula que as lideranças do PSDB querem encaminhar a candidatura do governador de São Paulo José Serra na campanha presidencial. A ideia é reforçar os traços da vida do José que aproximam mais o candidato do brasileiro comum, indo além do bem-sucedido gestor público, o governador do maior Estado do País e ministro da Saúde que criou os genéricos e articulou a quebra das patentes dos remédios de combate à Aids.
A campanha dará ênfase ao homem simples, filho de feirantes, que lutou para vencer na vida. Como a concorrente do Planalto, a ministra Dilma Rousseff (PT), o "cidadão José" também fez oposição à ditadura (1964-1985), mas com uma diferença a ressaltar: nunca flertou com a ideia da luta armada como estratégia de confronto com os militares.
"Zé", como é chamado pela família, nasceu na Mooca, zona leste de São Paulo. Vivia em uma casa de apenas um quarto, que dividiu com os pais até os 4 anos. Só aos 11 ele e os pais se mudaram - foi quando o menino ganhou um quarto só para ele. Aos 21 foi eleito presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE). A biografia do menino pobre e o histórico de líder à esquerda formarão um mix a contrapor ao imaginário político eleitoral exposto e explorado à exaustão pelo presidente Lula em seus dois mandatos.
Filho único de Francesco e Serafina, imigrantes italianos, foi criado cercado por mulheres. Sua maior referência afetiva na infância foi a avó materna, Carmela, calabresa nascida na Argentina. Seus pais tinham uma barraca de frutas no Mercado Municipal da Cantareira. O pai queria que Serra ajudasse na feira, mas a mãe insistiu que ele só estudasse.
É esse personagem que o PSDB quer tornar conhecido para os eleitores. Embora a estrutura da campanha e a escolha do marqueteiro não tenham sido definidas, há consenso entre as principais lideranças tucanos que a figura do administrador público é sobejamente conhecida. Já a pessoa física, avaliam, o "José da Mooca", está longe de ser íntima do eleitorado.
"Nosso candidato tem conteúdo e todo mundo sabe disso. Mas a campanha tem de ser a do José Serra, e não apenas do Serra", afirma o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE).
A meta dos estrategistas tucanos é eliminar os traços de arrogância que o administrador Serra impõe ao José em algumas intervenções públicas, deixar que as manias de homem comum prevaleçam - o palmeirense roxo que detesta alho, cebola e pimentão e tem obsessão por gravatas.
Em 2006, em um debate entre os candidatos a presidente, achou "medonha", como disse à época, a gravata que usava Geraldo Alckmin, então presidenciável tucano. Tirou a dele e a colocou no ex-governador. Na semana passada, Guerra foi para um encontro com Serra em São Paulo. Entrou com uma gravata e saiu com outra. Coisas de Serra. Ou melhor, do "Zé".
AÉCIO
Os tucanos consideram "fundamental" a presença do mineiro Aécio Neves na campanha e no posto de vice. Pelo fato de o mineiro ter a liderança no segundo maior colégio eleitoral do País, isso é visto como uma forma de minimizar a já contabilizada derrota que os tucanos devem sofrer no Nordeste. Lá, dizem baseados em pesquisas, Dilma tem vitória assegurada.
No PSDB, a escolha do vice deverá ser arrastada até o limite. Tucanos consideram mínimas as chances de Aécio aderir à chapa encabeçada por Serra antes de junho. Mas acreditam que o cenário é cada vez mais propício a que ele vire mesmo companheiro de Serra na chapa. Se Serra sair consagrado das urnas, a vitória será computada, em grande parte, a Aécio. Se perder ao lado de Aécio, o mineiro, ainda jovem, não sofrerá grandes perdas políticas. Terá o partido em suas mãos para traçar sua estratégia em 2014. Agora, se Serra perder sem Aécio, o mineiro sempre será apontado como um dos responsáveis pela derrota.
Biografia do menino pobre e o histórico de líder vão se contrapor ao imaginário político explorado por Lula
Ana Paula Scinocca
Mais José e menos Serra. É com essa fórmula que as lideranças do PSDB querem encaminhar a candidatura do governador de São Paulo José Serra na campanha presidencial. A ideia é reforçar os traços da vida do José que aproximam mais o candidato do brasileiro comum, indo além do bem-sucedido gestor público, o governador do maior Estado do País e ministro da Saúde que criou os genéricos e articulou a quebra das patentes dos remédios de combate à Aids.
A campanha dará ênfase ao homem simples, filho de feirantes, que lutou para vencer na vida. Como a concorrente do Planalto, a ministra Dilma Rousseff (PT), o "cidadão José" também fez oposição à ditadura (1964-1985), mas com uma diferença a ressaltar: nunca flertou com a ideia da luta armada como estratégia de confronto com os militares.
"Zé", como é chamado pela família, nasceu na Mooca, zona leste de São Paulo. Vivia em uma casa de apenas um quarto, que dividiu com os pais até os 4 anos. Só aos 11 ele e os pais se mudaram - foi quando o menino ganhou um quarto só para ele. Aos 21 foi eleito presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE). A biografia do menino pobre e o histórico de líder à esquerda formarão um mix a contrapor ao imaginário político eleitoral exposto e explorado à exaustão pelo presidente Lula em seus dois mandatos.
Filho único de Francesco e Serafina, imigrantes italianos, foi criado cercado por mulheres. Sua maior referência afetiva na infância foi a avó materna, Carmela, calabresa nascida na Argentina. Seus pais tinham uma barraca de frutas no Mercado Municipal da Cantareira. O pai queria que Serra ajudasse na feira, mas a mãe insistiu que ele só estudasse.
É esse personagem que o PSDB quer tornar conhecido para os eleitores. Embora a estrutura da campanha e a escolha do marqueteiro não tenham sido definidas, há consenso entre as principais lideranças tucanos que a figura do administrador público é sobejamente conhecida. Já a pessoa física, avaliam, o "José da Mooca", está longe de ser íntima do eleitorado.
"Nosso candidato tem conteúdo e todo mundo sabe disso. Mas a campanha tem de ser a do José Serra, e não apenas do Serra", afirma o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE).
A meta dos estrategistas tucanos é eliminar os traços de arrogância que o administrador Serra impõe ao José em algumas intervenções públicas, deixar que as manias de homem comum prevaleçam - o palmeirense roxo que detesta alho, cebola e pimentão e tem obsessão por gravatas.
Em 2006, em um debate entre os candidatos a presidente, achou "medonha", como disse à época, a gravata que usava Geraldo Alckmin, então presidenciável tucano. Tirou a dele e a colocou no ex-governador. Na semana passada, Guerra foi para um encontro com Serra em São Paulo. Entrou com uma gravata e saiu com outra. Coisas de Serra. Ou melhor, do "Zé".
AÉCIO
Os tucanos consideram "fundamental" a presença do mineiro Aécio Neves na campanha e no posto de vice. Pelo fato de o mineiro ter a liderança no segundo maior colégio eleitoral do País, isso é visto como uma forma de minimizar a já contabilizada derrota que os tucanos devem sofrer no Nordeste. Lá, dizem baseados em pesquisas, Dilma tem vitória assegurada.
No PSDB, a escolha do vice deverá ser arrastada até o limite. Tucanos consideram mínimas as chances de Aécio aderir à chapa encabeçada por Serra antes de junho. Mas acreditam que o cenário é cada vez mais propício a que ele vire mesmo companheiro de Serra na chapa. Se Serra sair consagrado das urnas, a vitória será computada, em grande parte, a Aécio. Se perder ao lado de Aécio, o mineiro, ainda jovem, não sofrerá grandes perdas políticas. Terá o partido em suas mãos para traçar sua estratégia em 2014. Agora, se Serra perder sem Aécio, o mineiro sempre será apontado como um dos responsáveis pela derrota.
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