O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, deu prazo de 15 dias para o ministro da Casa Civil, Antônio Palocci, prestar esclarecimentos sobre sua evolução patrimonial e sobre a atuação de sua empresa de consultoria, a Projeto. Atendendo a requerimentos de partidos de oposição, Gurgel quer saber quem eram os clientes da empresa.
Palocci tem 15 dias para se explicar
CONSULTORIAS
Procurador-geral quer saber quem eram os clientes da consultoria do hoje ministro
Demétrio Weber
A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu ontem esclarecimentos ao ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, sobre sua evolução patrimonial e sobre a atuação da empresa de consultoria Projeto, da qual o ministro é dono. O procurador-geral, Roberto Gurgel, fixou prazo de 15 dias para que Palocci responda ao documento, entregue no Palácio do Planalto, no fim da tarde. A assessoria do ministro informou que a resposta será encaminhada na semana que vem.
Segundo a assessoria de Imprensa da Procuradoria-Geral da República, Gurgel encaminhou a Palocci representações feitas esta semana pelo PPS e por líderes no Senado dos partidos de oposição: PSDB, DEM, PPS e PSOL. Nos dois casos, a oposição cobrou esclarecimentos sobre a compra de um apartamento de R$6,6 milhões e um escritório de R$882 mil em São Paulo, através da Projeto.
Gurgel solicita documentos, entre eles cópia da relação de bens que Palocci entregou à Comissão de Ética Pública da Presidência da República, e informações sobre a inclusão dos imóveis na sua declaração de Imposto de Renda. Segundo a Procuradoria-Geral da República, o pedido de esclarecimento não constitui procedimento de investigação, mas apenas uma oportunidade para que o ministro se manifeste sobre o teor das representações. Em tese, somente após a resposta de Palocci, Gurgel decidirá se abre inquérito ou outro procedimento.
Ontem, o jornal "O Estado de S. Paulo" noticiou que Palocci pretendia enviar espontaneamente os esclarecimentos a Gurgel, o que poderia ocorrer ontem mesmo. Até o fim da tarde, porém, a PGR não tinha recebido qualquer comunicado de Palocci. O pedido de Gurgel chegou ao Planalto pouco antes das 18h.
Segundo a "Folha de S. Paulo", a Projeto teria tido um faturamento de R$20 milhões no ano passado. A empresa foi criada em 10 de agosto de 2006, durante a campanha eleitoral, com o nome de Projeto - Consultoria, Planejamento e Eventos Ltda. Palocci, com 99% do capital social, tinha como sócia a mulher, Margareth, com 1%. Dois meses depois, ele foi eleito deputado federal por São Paulo. Em 8 de dezembro daquele ano, o nome da empresa foi alterado para Projeto - Consultoria Financeira e Econômica Ltda. E Margareth deu lugar a Lucas Novaes na sociedade.
A representação do PPS, assinada pelo líder na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR), lista seis perguntas: 1) Quem eram os clientes dessa empresa?; 2) Quanto a empresa faturou no período em questão?; 3) Quais eram os serviços de consultoria prestados pela empresa?; 4) Se o ministro detinha 99,9% do capital social, por que não optou por fazer a retirada de lucro e registrar os imóveis em seu próprio nome, ou seja, como pessoa física?; 5) Como o ministro encontrava tempo para administrar a empresa, se exercia o mandato de deputado federal, e seu sócio minoritário reside nos Estados Unidos?; 6) A escolha da área de atuação da empresa (consultoria financeira e econômica) tem alguma relação com o fato de o então deputado federal Antonio Palocci ter sido, àquela época, membro da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara?
FONTE: O GLOBO
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