“Muito vem se discutindo sobre a crise identitária e programática dos partidos, principalmente a do PSDB. Já se chegou a dizer que há risco de não se ter oposição durante o governo Dilma. O oficialismo atual surpreende, se comparado com o apoio conquistado pelo Presidente Lula em campanha permanente. A crise do PSDB está sendo associada aos motivos os mais diversos, desde às derrota e idiossincrasias dos candidatáveis da próxima eleição presidencial, Aécio e Serra, até a luta interna que estaria esmaecendo sua presença propositiva na cena política.
No entanto, chama a atenção o que nos diz Ferreira Gullar, cujas opiniões sobre a conjuntura não nos têm faltado nos últimos tempos da Era Lula. Aludindo ao PSDB, o poeta escreveu na sua crônica “E o lobo virou cordeiro”, publicada pela Folha Ilustrada no domingo, dia 8 de maio de 2011: “Uma visão simplista atribuiria tudo isso ao carisma e à sagacidade política de Lula quando, na verdade, se trata de coisa bem mais complexa, conforme entendo. Se Lula mudou de retórica e de visão social, aderindo às ideias do adversário, foi porque a visão e os projetos deste é que correspondiam às necessidades reais do país. As mudanças que ele introduziu, por serem necessárias, tornaram-se irreversíveis. E, assim, o PT virou PSDB, como um lobo que se metesse em pele de cordeiro. Com a diferença de que, se o lobo da fábula continuou lobo, o lobo Lula virou cordeiro mesmo. E Dilma, mais ainda, se não quiser fracassar. Daí por que o PSDB tem dificuldade de fazer oposição, pois seria como opor-se a si mesmo.” “
Raimundo Santos, professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (CPDA/UFRRJ)
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