Senador evita comentar possibilidade de colega, se eleito, renunciar para disputar candidatura tucana à Presidência em 2014
Chico de Gois, Germano Oliveira
BRASÍLIA. O senador Aécio Neves (PSDB-MG) elogiou ontem a entrada de José Serra (PSDB) na disputa pela Prefeitura de São Paulo. O mineiro disse que fará tudo para que o colega de partido seja eleito. Mas não quis fazer prognóstico a respeito de 2014, negando-se a dizer se defende que, uma vez eleito, Serra cumpra o mandato de prefeito até o fim - o que o impediria de concorrer à Presidência em 2014, deixando o caminho mais livre para a candidatura do mineiro.
Para Aécio, a decisão de Serra de participar das prévias do partido representa um gesto de grandeza que contempla as expectativas do PSDB. Aécio avaliou que a eleição em São Paulo tem significado nacional pela importância política da capital paulista. E afirmou que, ao aceitar disputar as prévias, Serra voltou a se tornar protagonista em âmbito nacional.
Aécio disse que ainda é cedo para falar sobre as eleições de 2014, mas adiantou que irá ajudar o PSDB a formar palanques em vários estados.
- 2014 será decidido no tempo certo. Temos bons nomes, como os governadores Geraldo Alckmin (SP) e Marconi Perillo (GO), e não tem por que antecipar as decisões.
Aloysio e Aécio defendem que PSDB procure PSB
O tucano mineiro evitou analisar como Serra irá lidar com a questão da renúncia da prefeitura, em 2002, e do governo de São Paulo, em 2010, para concorrer à Presidência:
- Serra saberá conduzir esse processo. Quem está na vida pública não é dono de seu destino. Torço para que ele vença a eleição.
Já o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), serrista de primeira hora, propôs que as prévias do PSDB sejam adiadas, para que haja tempo para Serra fazer uma campanha entre os tucanos. Para ele, o adiamento não causará qualquer problema ao partido. Aloysio defendeu as prévias:
- Não tem por que revogar só porque Serra é candidato. Além do mais, ele mesmo já havia se declarado favorável às prévias.
Aloysio e Aécio defenderam que o PSDB procure o PSB para formar uma aliança; os socialistas são disputados também pelo PT. Aloysio lembrou que o PSB fez parte do governo Serra na prefeitura e no governo do estado. Para o senador paulista, é importante também procurar o PDT, embora respeitando o fato de o partido ter um pré-candidato a prefeito.
Entrada de Serra na disputa municipal divide socialistas
A entrada de Serra na disputa pela Prefeitura de São Paulo provocou uma divisão no PSB, presidido pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Ele é aliado de Dilma e quer conversar com o PT sobre a candidatura do petista Fernando Haddad, já que não deseja ficar mal com a presidente Dilma Rousseff, que tem o PSB em seu Ministério. Mas o PSB paulista, presidido por Márcio França, secretário de Turismo do governo tucano de São Paulo, quer apoiar Serra. Campos irá a São Paulo na segunda-feira para tentar a unidade do partido no estado.
- A posição do PSB em São Paulo, que tem uma secretaria de estado, é ficar com o governador Geraldo Alckmin e com o prefeito Gilberto Kassab. Até a semana passada, os dois não estavam com Serra, mas agora anunciaram que entrarão na disputa pela prefeitura de São Paulo ao lado de Serra. Então nossa tendência é ficar com Serra - disse França.
Campos estará em São Paulo na segunda-feira para uma palestra na Associação Comercial, mas pode ter encontros na capital para discutir o futuro do partido na cidade .
- Márcio França está no seu papel de defender o apoio a Serra porque ele está num governo tucano, mas o governador Eduardo Campos se dá muito bem com Dilma e pode desejar conversar com Haddad - disse um assessor do governador Campos, que ontem recebeu Dilma em Pernambuco e que, no carnaval pernambucano, esteve com Kassab.
O próprio governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, pôs ontem mais lenha na fogueira entre o PSB nacional e o estadual.
- Temos a expectativa de que o PSB apoie nosso candidato em São Paulo. Como o PSB não terá candidato em São Paulo, esperamos o apoio deles, já que apoiamos o PSB em outras cidades do estado - disse Alckmin ontem.
Márcio França disse que o PSB tem aliança nacional com o PT, mas que as alianças municipais têm de ficar a critério do partido nos estados.
- Estamos com o PSDB no Paraná, em Minas Gerais, no Amazonas, na Paraíba e em Alagoas - lembrou França.
FONTE: O GLOBO
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