Senadora diz que o PT errou ao buscar uma aliança com o PSD de Kassab
Marcelle Ribeiro
SÃO PAULO. A senadora Marta Suplicy (PT-SP) afirmou ontem, no Twitter, que o PT errou na condução do processo eleitoral de São Paulo. Numa crítica às conversas sobre uma possível aliança entre o PT e o PSD, partido do prefeito Gilberto Kassab, a petista disse que sua legenda se precipitou e "flertou com o adversário". Estimulado principalmente pelo ex-presidente Lula, o PT mantinha conversas com o PSD sobre uma possível aliança, mas o partido de Kassab decidiu apoiar a pré-candidatura do ex-governador José Serra (PSDB).
Contrariada, Marta desistiu de concorrer à prefeitura de São Paulo a pedido da presidente Dilma e de Lula, que impôs a candidatura do ex-ministro da Educação Fernando Haddad. Petistas, porém, dizem estar confiantes em uma participação da senadora na campanha de Haddad, que, segundo eles, acontecerá "no momento adequado".
"No processo eleitoral de São Paulo é preciso reconhecer que erramos. Fomos precipitados", disse a senadora no microblog. "Ficamos flertando com adversário enquanto nossos tradicionais aliados migraram para o lado deles".
No dia 9 de fevereiro, Marta já havia criticado as conversas sobre uma possível aliança entre PT e PSD, que chamou de pesadelo, e disse que não queria "ter o susto de entrar de cabeça e acordar de mãos dadas com o Kassab". Na ocasião, Marta lembrou que as políticas sociais de Kassab são muito diferentes das do PT.
Em entrevista na segunda-feira, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, disse que não houve "conversas formais" entre PT e PSD sobre uma aliança na capital. Afirmou que Kassab teria deixado claro que suas prioridades eram apoiar a candidatura de José Serra (PSDB) ou lançar o vice-governador Guilherme Afif Domingos (PSD) como candidato; se essas duas opções não se concretizassem, apoiaria o PT.
O presidente estadual do PT em São Paulo, deputado Edinho Silva, disse que discorda de Marta . Para ele, o PT não errou.
- O PT não errou. Não podemos recusar o diálogo com um partido que vota com o governo da presidente Dilma Rousseff, que é aliado importante de vários governantes do PT e que, em São Paulo, tem construído alianças com cidades importantes do estado. A Marta sabe que a arte da política exige muita capacidade de diálogo - afirmou Edinho.
Segundo ele, a decisão do PSD de apoiar Serra não enfraquece as negociações do partido de Kassab com o PT em outros municípios paulistas, como São Bernardo do Campo, Mauá, Diadema, São Carlos, São José dos Campos e Osasco. Em Santo André, Guarulhos, Carapicuíba e Catanduva, a união dos partidos já está praticamente fechada, segundo Edinho.
O presidente do diretório municipal do PT em São Paulo, vereador Antônio Donato, criticou a afirmação de Serra - que em carta entregue ao PSDB formalizou sua intenção de disputar a prefeitura - de que saberá honrar o mandato, se eleito.
- O que o (José) Serra afirma não dá para levar a sério - disse Donato, referindo-se ao fato de o tucano ter deixado a prefeitura para se candidatar ao governo do estado e, depois, disputar a Presidência da República.
Donato comentou o trecho da carta de Serra em que o tucano diz que o país passa por "dissabores" do processo democrático, em virtude do "avanço da hegemonia de uma força política", numa referência velada ao PT.
- Ele (Serra) tem dificuldade de conviver com a democracia, pois o avanço de força política se deu pelo voto e por eleições livres. Continuamos acreditando na democracia - afirmou o presidente do PT municipal .
FONTE: O GLOBO
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