quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Crise entre BB e Previ pode levar a queda de executivos

Governo estuda definir envolvidos na crise do BB

Governo estuda demitir os envolvidos para evitar contaminação no governo

Grupos do presidente do banco estatal e do titular do fundo de pensão disputam espaço na instituição

Sheila D’Amorim, Natuza Nery e Andreza Matais

BRASÍLIA - A escalada da crise envolvendo o Banco do Brasil e a Previ, fundo de pensão dos funcionários do banco, fez com que a cúpula do governo começasse a discutir uma saída drástica para o caso: a demissão dos executivos envolvidos na disputa.

Segundo o cálculo no Palácio do Planalto, a solução poderia evitar novas acusações de cada lado e o surgimento de informações comprometedoras para a imagem das instituições.

Interlocutores da presidente Dilma Rousseff, no entanto, defendem que é melhor apostar em uma acomodação entre o grupo do presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, e o de Ricardo Flores, titular da Previ.

Ambos têm padrinhos poderosos: Bendine é ligado ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o fundo de pensão do banco é território de setores do PT paulista.

A temperatura subiu ontem, quando reportagem publicada pela Folha revelou que Allan Toledo, ex-vice-presidente do banco, é investigado por movimentar cerca de R$ 1 milhão em sua conta.

Toledo é aliado de Flores e nega irregularidades.

As transações bancárias atípicas foram detectadas de forma automática pelo Coaf, órgão de inteligência financeira do Ministério da Fazenda, e a apuração posterior levou o BB a instaurar sindicância neste ano, pedindo ajuda à Polícia Federal -após a demissão de Toledo.

Bendine e Flores disputam dentro do banco. Diante do risco de contaminar a área econômica do governo, e de comprometer a atuação de instituições superavitárias, Dilma ordenou que sua equipe desse um basta ao duelo. Bendine, porém, recusou-se a conversar com o colega da Previ, de quem se diz inimigo.

De volta de uma viagem ao exterior, Mantega, mais próximo de Bendine, assumiu a condução do impasse diretamente com a presidente. Toledo foi demitido pelo próprio ministro em dezembro.

Estratégia

A estratégia inicial do governo para tentar conter a crise no Banco do Brasil envolve ao menos duas frentes.

Na primeira, os executivos do banco foram orientados, ontem, pela Fazenda, a deixar de lado qualquer desavença com a Previ e a focar no trabalho dentro do banco.

Em outra, interlocutores da instituição e da equipe econômica negociam uma forma de acomodar interesses de aliados, o que poderá envolver até a concessão de cargos para os setores descontentes.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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