Funcionários alegam falta de segurança e não cumprimento de acordo em projeto do bilionário Eike Batista
Glauber Gonçalves
RIO - Cerca de 1.400 funcionários que trabalham na construção do Porto do Açu, empreendimento do bilionário Eike Batista em São João da Barra (RJ), entraram em greve na segunda-feira.
Os trabalhadores reclamam da falta de segurança no local e exigem o pagamento das horas referentes ao deslocamento de casa para o trabalho, além da equiparação com os salários pagos aos operários da obra do Porto Sudeste, projeto de Eike no Grande Rio.
"Há falta de segurança. Continuam morrendo funcionários, o número de acidentes é elevado e a alimentação é péssima. Além disso, os salários não foram equiparados aos do Porto Sudeste, conforme prometido, e as horas "in itinere" (gastas durante o transporte) não são pagas corretamente", disse o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil do Norte Fluminense, José Carlos Eulálio.
Segundo ele, a empreiteira não teria cumprido acordo firmado com os trabalhadores no ano passado. Em 2011, os operários já haviam parado para exigir melhores condições de trabalho.
Na época, o Estado esteve em São João da Barra e ouviu relatos de funcionários que disseram ter sido intimidados por superiores da empreiteira por participarem do movimento grevista. Procurada, a empresa não se manifestou até o fechamento desta edição.
Representantes dos trabalhadores e da empresa participaram ontem de encontro mediado pelo Ministério do Trabalho. De acordo com Eulálio, as partes não chegaram a um acordo, e a greve deve continuar por prazo indeterminado. Ele não descartou a possibilidade de uma paralisação total. "A empresa não garantiu que cumpriria as reivindicações. Com essa situação, os trabalhadores resolveram continuar em greve."
Determinações. Uma reunião entre o sindicato dos trabalhadores e o Sindicato Nacional da Indústria de Construção Pesada (Sinicom), que representa a empresa, está marcada para segunda-feira, informou Eulálio.
Ambas controladas por Eike, a LLX, proprietária do Porto do Açu, e a OSX, que tem projetos no local, acompanham as negociações entre os trabalhadores e o consórcio ARG Civil Port, contratado para tocar as obras.
Em nota, as empresas confirmaram que um grupo de trabalhadores faz manifestação na estrada de acesso ao Porto do Açu desde a manhã de segunda-feira. As companhias do grupo EBX, de Eike, dizem ainda que cumprem todas as normas e determinações da legislação brasileira e exigem, em contrato, o mesmo padrão de seus parceiros.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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