Segundo pesquisas, candidatura do presidente Sarkozy cresceu nos últimos dias, mas não deve evitar que os socialistas voltem ao poder 17 anos depois
Andrei Netto
PARIS - A campanha presidencial francesa terminou ontem com a liderança do socialista François Hollande. Um dia após perder a disputa pelo apoio do candidato centrista, François Bayrou, o presidente Nicolas Sarkozy espera uma virada, considerada improvável, para evitar que o Partido Socialista volte ao poder após 17 anos.
O último dia da campanha foi realizado ainda sob o impacto da decisão de Bayrou, líder do Movimento Democrático, que abriu seu voto em favor de Hollande na quinta-feira. Desde então, o socialista tem se apresentado como um candidato que vai além do voto da esquerda e a equipe de Sarkozy tenta desmoralizar a decisão do centrista, que teve 9% dos votos no primeiro turno.
"Vocês terão domingo à noite uma grande surpresa", afirmou Sarkozy à rádio Europe 1, confiante no que chamou de um "sobressalto" nas eleições no fim de semana. "Cada voto conta. Vocês não imaginam o quanto a decisão será no fio da navalha", disse o presidente.
Sarkozy mais uma vez protestou contra o que chama de "torrente de injúrias e calúnias" da imprensa francesa. Em torno do presidente, personalidades como o primeiro-ministro François Fillon atacaram Bayrou e o que classificaram de um "erro de avaliação".
Além de apostar na virada em 48 horas, Sarkozy também voltou a insistir em sua estratégia de assustar o eleitorado de Hollande, associando-o a José Luis Rodriguez Zapatero, ex-primeiro-ministro socialista da Espanha, a quem aponta como o culpado pela crise no país. "Observem a Espanha: vocês querem a mesma situação? Ela não fez as reformas que deveria ter feito."
Visivelmente satisfeito pelo apoio pessoal de Bayrou, o socialista fez campanha ontem em Hombourg-Haut, um dos maiores enclaves do partido de extrema direita Frente Nacional, pedindo mobilização ao eleitorado no domingo.
"Represento aqui a esquerda, sem dúvida, mas já represento mais do que a esquerda", afirmou, em clara alusão a Bayrou. "Represento todos os republicanos, os humanistas, aqueles que são apegados a valores e princípios."
Embora venha tentando se aproximar dos eleitores de centro, Hollande também enviou recado ao eleitorado extremista de Marine Le Pen, que conquistou 17,9% dos votos no primeiro turno. "Eu quero dizer àqueles que não votaram em mim que eles são bem-vindos para recuperar nosso país", afirmou Hollande, reiterando seus apelos por uma união nacional contra a "política de enfrentamento" de Sarkozy. "Não precisamos rejeitar aqueles que não fazem a mesma escolha que nós. Precisaremos de reconciliação, de recuperação, de união."
Pesquisas. Nenhuma sondagem divulgada pelos oito maiores institutos de pesquisas de opinião da França deixa dúvidas: Hollande é o favorito. As previsões variam. Da vitória mais folgada, por 54% a 46%, até a mais apertada, por 52% a 48% - esta última revelada ontem pelo instituto Ifop.
Se observado o histórico das eleições presidenciais desde a instituição das eleições diretas, em 1965, os prognósticos indicam que Hollande quebrará a sequência de presidentes de direita, recolocando os socialistas no poder, que não ocupam desde a presidência de François Mitterrand.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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