Réplicas e tréplicas
Karla Correia
A resposta de Dilma Rousseff ao artigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, na qual fez uma defesa veemente do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, agradou à cúpula do PT. Mas provocou reação do quartel-general dos tucanos. No fim da tarde de ontem, o PSDB divulgou um editorial no qual acusa o PT não saber conviver com o contraditório.
Segundo o editorial, Dilma cedeu às pressões do PT e se excedeu na defesa do legado que recebeu do antecessor, "este sim, um especialista em tentar reescrever a história brasileira de acordo com suas conveniências. Basta lembrar as inúmeras tentativas do ex-presidente Lula e de vários de seus aliados em tentar negar a existência do mensalão".
Apesar do clima amistoso cultivado entre Dilma e FHC, a presidente foi incisiva ao afirmar que recebeu de Lula uma "herança bendita", e não "um país sob intervenção do FMI". Na tréplica, o PSDB disse que a presidente esqueceu-se de lembrar o "pânico gerado, em 2002, nos meios financeiros, só com a possibilidade de vitória do candidato do PT". Segundo os tucanos, esse foi o motivo do acordo com o FMI, "que teve o aval de todos os candidatos à Presidência, inclusive, o do PT".
Para os petistas, o posicionamento de Dilma teve "senso de oportunidade", inclusive por causa do cenário eleitoral. Ao sair em defesa de Lula, ela reforçou o discurso de unidade do partido. De acordo com interlocutores da presidente, antes de divulgar a resposta a FHC, Dilma conversou com Lula, que aprovou o tom crítico das declarações.
"A nota fortalece o diálogo com o PT ao reafirmar Dilma como candidata à reeleição e ao deixar claro para o partido que, se de um lado, ela apoia a legenda, de outro, o PT não terá porque não apoiá-la", analisou o vice-líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE). "Foi uma resposta firme, elegante, uma resposta de estadista", afirmou o presidente do partido, Rui Falcão.
FONTE: CORREIO BRAZILIENSE
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