- Folha de S. Paulo
Talvez seja esta a melhor síntese deste início de ano. Enquanto o país vai parando, a corrupção só faz avançar. Basta dar uma olhada na sucessão de escândalos, agora com o das multas milionárias da Receita Federal anistiadas à base de gordas propinas.
Na economia, não estamos vivendo um caos, ainda temos jeito, mas entramos numa baita crise recessiva. A ponto de um grande empresário revelar que já avalia mandar seu dinheiro para fora do Brasil.
Isso mesmo. Investir os empresários já haviam decidido postergar. Agora, admitem tirar essa grana do país. Pergunto se não é melhor aplicá-la aqui e lucrar com os juros mais altos do mundo. Resposta: há um fator de risco no ar.
Acho um exagero, mas o dinheiro não é meu, é dele. Além disso, ouvi de um operador no exterior que, nos últimos dias, tem recebido mais consultas de brasileiros sobre os melhores investimentos lá fora.
Dentro do governo, o clima também é de apreensão. Não na mesma proporção do empresariado, mas deveria ser pelo menos próximo. O receio atual na equipe de Dilma Rousseff é que, se o país está desacelerando, o governo pode parar.
Está todo mundo na Esplanada dos Ministérios com medo das tesouradas de Joaquim Levy. Dois ministros desabafaram que, se a presidente deixar, ele para a máquina do governo com um corte gigantesco.
Dentro do PT, que defende um Estado forte e atuante na economia, é o fim do mundo, o império de uma política econômica neoliberal. Só que, hoje, os petistas não têm outra saída. Vão tentar, pelo menos, reduzir a intensidade do ajuste fiscal.
Enfim, esse é o retrato atual. O brasileiro sente no bolso o país parar e assiste a sucessivos escândalos. Pior, descobre a cada dia que uma turma em Brasília ganha a vida facilmente negociando e roubando o seu dinheiro, como contribuinte.
Se serve de consolo, a corrupção está sendo revelada e combatida.
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