• Para Lula, foi um erro o partido não ter apoiado a CUT nos protestos de março
• Agora, dizem petistas, as bandeiras 'em defesa da democracia' e 'pela reforma política' deixam a sigla mais à vontade
Marina Dias e Gustavo Uribe – Folha de S. Paulo
SÃO PAULO - Sob orientação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a cúpula do PT declarou apoio à série de manifestações organizadas por centrais sindicais e movimentos sociais nesta terça (7) no país.
O Planalto, por sua vez, vai monitorar o alcance dos atos à distância, admitindo nos bastidores que a maior preocupação será com os protestos de domingo, dia 12, contra o governo Dilma Rousseff.
A CUT (Central Única dos Trabalhadores), o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), a UNE (União Nacional dos Estudantes) e outras centrais sindicais e movimentos sociais vão às ruas em São Paulo, Brasília, Belo Horizonte, Curitiba e Salvador, entre outras capitais, para protestar contra a aprovação do PL 4330, que regulamenta a terceirização em contratos de trabalho.
No Rio, ainda não há local nem horário para os atos, que são também em defesa da democracia, da Petrobras e dos direitos dos trabalhadores.
Durante as manifestações de 13 de março, também organizadas pela CUT e outras entidades, os petistas preferiram não declarar apoio oficial aos protestos, que eram críticos ao ajuste fiscal proposto pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Com isso, argumentavam dirigentes do partido, evitariam qualquer tipo de constrangimento.
Em conversas reservadas, porém, Lula avaliou que foi "um erro" o PT não estar ao lado da CUT e dos movimentos sociais, a base histórica do partido, e encorajou a sigla a apoiar e ainda convocar a militância para as manifestações desta terça, mesmo com o risco de haver discursos críticos ao governo.
Os sindicalistas reconhecem o que chamam de "conquistas dos últimos anos" do governo petista, mas não admitem "retrocessos ou perdas dos direitos conquistados".
"Não vamos aceitar que o aumento da luz e o 'tarifaço' recaiam na nossa conta", disse o presidente da CUT, Vagner Freitas, em evento com centrais sindicais na semana passada. Na ocasião, afirmou que, sem mudança na política econômica, o trabalhador ficará "bravo" e poderá não defender mais o governo.
As bandeiras "em defesa da democracia", "em defesa da Petrobras" e "pela reforma política", dizem petistas, deixam o PT mais à vontade para ir às ruas sem parecer afronta ao governo Dilma.
A CUT defende o projeto de lei apresentado pelo deputado Vicentinho (PT), que propõe a regulamentação da terceirização desde que haja igualdade de direitos entre funcionários efetivos e terceirizados, além da proibição da terceirização na atividade-fim e da responsabilização da empresa tomadora de serviços quando a terceirizada deixar de cumprir normas.
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