Por Andrea Jubé e Bruno Peres – Valor Econômico
BRASÍLIA - Um dia após a prisão preventiva do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o presidente Michel Temer reuniu os ministros palacianos, além dos titulares da Justiça, Alexandre de Moraes, e da Fazenda, Henrique Meirelles, para discutir a nova conjuntura política. A preocupação do grupo é o eventual impacto da nova fase da Lava-Jato na votação em segundo turno da proposta de emenda constitucional (PEC) que fixa um teto global para os gastos públicos, agendada para terça-feira.
O clima no Palácio do Planalto é de apreensão, mas também de determinação para não permitir que o episódio comprometa a agenda do ajuste fiscal. Como parte da articulação para garantir a votação da PEC dos gastos, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), combinou com Temer que oferecerá um jantar na residência oficial aos cerca de 400 deputados que integram a base aliada na segunda-feira, para garantir um quórum elevado na votação de terça-feira.
Temer, Meirelles e os ministros do núcleo político comparecerão ao jantar. Do evento promovido no Palácio da Alvorada, por ocasião da votação da PEC dos gastos em primeiro turno, participaram pouco mais de 200 deputados.
Em outra frente, ministros com mandato parlamentar serão exonerados para reforçar a articulação. Ontem o ministro das Cidades, Bruno Araújo, do PSDB de Pernambuco, foi exonerado. "Carga total na PEC 241", disse Araújo ao Valor.
Está previsto que o titular da Educação, Mendonça Filho, do DEM, também seja afastado temporariamente da pasta. No primeiro turno, o ministro do Turismo, Marx Beltrão, do PMDB de Alagoas, também voltou ao plenário para votar.
Temer aterrissou em Brasília ontem às 11h30 e foi recepcionado na base aérea por Rodrigo Maia e pelo ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha. Chegou ao Palácio do Planalto por volta das 14h30 e logo se reuniu com o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, ao qual a Polícia Federal está subordinada. Moraes disse aos jornalistas que o assunto da reunião com Temer era o novo plano nacional de segurança pública, que está em gestação no governo.
Por meio do porta-voz, Alexandre Parola, Temer afirmou que tomou conhecimento da prisão de Cunha quando já estava em voo de regresso do Japão ao Brasil, e esclareceu que a decisão de antecipar em 12 horas o retorno ao Brasil havia sido tomada na noite anterior.
Sobre a detenção do pemedebista, Temer disse, também por meio do porta-voz, que a Operação Lava-Jato é de "alçada da Justiça" e o Executivo jamais interferirá nas investigações, o que significa um "amadurecimento democrático". O presidente espera, ainda, que sejam assegurados todos os "direitos e garantias fundamentais" previstos na Constituição Federal ao acusado.
A "agenda de reconstrução nacional" não se confunde com as investigações promovidas pelo Judiciário, completou Parola. "A agenda de reformas e de modernização econômica, social e política responde a uma urgência do povo, o governo Temer seguirá firme na defesa do crescimento econômico e na recuperação do emprego", completou o porta-voz.
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