Ricardo Galhardo Igor Gadelha – O Estado de S. Paulo
/ BRASÍLIA - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou preocupa- ção com a possibilidade de uma debandada de deputados petistas que pode colocar em risco o partido. Ele vai a Brasília na semana que vem para se reunir com a bancada do PT na Câmara e tentar conter o movimento.
Em reunião com integrantes da corrente petista Mensagem ao Partido, na maioria deputados, Lula admitiu que muitos parlamentares passaram a buscar alternativas ao PT depois da derrota histórica do partido nas eleições municipais deste ano.
“Lula defende que o projeto tem que continuar”, disse o ex-prefeito de Porto Alegre, Raul Pont. “Mas há um tensionamento hoje que é o oposto disso. As pessoas estão muito preocupadas com o resultado eleitoral.”
Segundo cálculos não oficiais, a debandada poderia levar até metade dos 59 deputados do PT. Com isso, o partido, que hoje tem a terceira maior bancada, passaria para oitava posi- ção, atrás de legendas como o PSB, PR e PSD.
Conforme mostrou o Estado, deputados do PT tem conversado sobre uma possível saí- da em massa da legenda desde o impeachment de Dilma Rousseff, no fim de agosto. Há ainda no grupo os que defendem a fusão ou a criação de uma frente com outras siglas de esquerda.
Segundo o líder do PT na Câmara, Afonso Florense (BA), o dia exato da reunião de Lula com a bancada ainda não está confirmado. Ele diz que outras figuras do partido, como o economista Márcio Pochmann, presidente da Fundação Perseu Abramo, também devem ter encontro com deputados para tratar da “conjuntura política e econômica” do País.
O primeiro convidado dessa série de encontros foi o ex-ministro Jaques Wagner (PT), anteontem. Segundo relatos, ele pediu “calma” aos que pensam em deixar o partido e que evitassem tomar “decisões precipitadas”.
Insatisfações. Nas últimas semanas, Lula vem se reunindo com integrantes das diferentes correntes internas do PT para tentar resolver as insatisfa- ções com o partido. Ontem foi a vez da Mensagem.
Ainda sob o abalo do impeachment de Dilma, agravado pela derrota eleitoral e pela Lava Jato, o PT corre risco de uma ruptura inédita por discordâncias quanto ao futuro do partido.
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