Gustavo Uribe e Valdo Cruz – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - Para evitar um agravamento na crise institucional, o presidente Michel Temer assumiu nesta quinta-feira (15) papel de bombeiro para arrefecer o clima de animosidade entre o Congresso Nacional, STF (Supremo Tribunal Federal) e o Ministério Público.
A pedido de deputados e senadores, que o telefonaram ao longo do dia, o peemedebista se reuniu com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e almoçou com o ministro Gilmar Mendes, do Supremo.
O peemedebista também convidou os presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB-AL), para um conversa no Palácio do Planalto, antes de cerimônia para o anúncio de pacote microeconômico.
Nas conversas, o peemedebista pediu um maior diálogo entre os Poderes da República e demonstrou preocupação com uma piora na atual crise institucional. O receio do presidente é que o quadro de instabilidade afete o governo federal e a pauta governista.
Na quarta-feira (14), em conversas reservadas, o presidente não se posicionou contra a proposta, mas avaliou que não era o momento de colocar em votação o projeto de abuso de autoridade, o que foi feito à noite pelo presidente do Senado.
Para ele, a iniciativa só agravou a crise entre os poderes Legislativo e Judiciário, que teve início em outubro quando Renan Calheiros criticou decisão de um juiz que autorizou que a Polícia Federal entrasse no Senado Federal para cumprir ordem de prisão de quatro policiais legislativos.
O quadro piorou com a decisão do ministro Luiz Fux, do Supremo, para que o Senado remeta o pacote anticorrupção de volta à Câmara dos Deputados, que deve reiniciar o trâmite do projeto de lei.
A iniciativa foi criticada pelos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal e pelo ministro Gilmar Mendes, segundo o qual que o Poder Judiciário passa por "momentos esquisitos" com "surto decisório".
Temer também aproveitou o encontro com Rodrigo Janot para criticar o vazamento do conteúdo de delações premiadas, como da Odebrecht. Citado 43 vezes por um ex-executivo da empreiteira, o presidente reivindica que não ocorram mais divulgações seletivas, sobretudo apenas contra o governo federal.
Segundo a Folha apurou, no encontro, os dois lados fizeram acenos de paz. Janot disse que em nenhum momento o Ministério Público acha que o presidente é inimigo da Operação Lava Jato e o peemedebista afirmou que não tem a intenção de fazer retaliações por causa da investigação.
Em discurso, o presidente afirmou que não permitirá que acusações contra a cúpula do Palácio do Planalto paralise o país e afete a recuperação econômica.
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