Por Marina Falcão | Valor Econômico
RECIFE - O governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), disse que "há um claro indicativo" no Congresso de que se vai retirar Estados e municípios do texto da reforma da Previdência. "É uma decisão que, se for tomada, vamos respeitar e discutir a Previdência aqui [no Estado de Pernambuco]", disse ontem, após evento de lançamento de empresa aérea.
De volta ao Recife após participar de uma reunião em Brasília dos governadores com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o governador não comentou se vai buscar votos da bancada do PSB em Pernambuco para ajudar na aprovação da reforma.
Seu correligionário, o deputado João Campos (PSB), filho do ex-governador Eduardo Campos, é um dos que têm sido críticos em relação à proposta atual. Nos últimos meses, o deputado fez mais de dez palestras e discussões em universidades e sindicatos do Estado, em uma maratona que nomeou de Pelo Povo, na Previdência. "Não há populismo no discurso, há responsabilidade social, que muita gente não tem. De R$ 1,2 trilhão de economia prevista, R$ 715 milhões é no Regime Geral da Previdência, cuja média de aposentadoria é R$ 1.256, e R$ 200 milhões é em cima do BPC e do trabalhador rural. Está se falando de R$ 900 milhões em cima do pobre. Como ser a favor de algo desse tipo?", disse Campos, ao Valor.
Mais bem votado deputado federal da história de Pernambuco, Campos é o provável candidato do PSB para as eleições municipais no próximo ano na capital pernambucana. Adversário político do PSB no Estado - e também um possível candidato à Prefeitura do Recife no próximo ano - o deputado Daniel Coelho (Cidadania) protocolou emenda para retirar Estados e municípios da reforma. Com isso, o governador se veria forçado a pressionar Campos pelo voto favorável à PEC, se não quisesse enfrentar o desgaste de ter que fazer seu próprio ajuste.
Campos diz que seria melhor para o Brasil que a reforma tivesse amplitude nacional. "É muito ruim você pegar uma pauta do tamanho e da complexidade da reforma da Previdência e responsabilizar cada município e cada Estado por sua própria discussão", afirmou. "É uma pauta que não vai fechar nunca".
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