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A conferir se irá adiante
Uma vez que procuradores da Lava Jato em Curitiba, e o então juiz Sérgio Moro, foram flagrados mandando às favas todos os escrúpulos em conversas que estão sendo reveladas a conta gotas, finalmente setores da Justiça começaram a se mexer para apurar se eles violaram leis ou costumes. Ou as duas coisas. Ou nada.
Para o presidente Jair Bolsonaro, na verdade eleito pelo Partido da Lava Jato, Moro e os procuradores fizeram tudo direito, segundo ele disse em entrevista ao jornal argentino El Clarín. Mas para um grupo cada vez maior de juristas e até ministros de tribunais superiores, não foi bem assim, embora eles evitem dizer como foi.
Desconte-se a opinião de Bolsonaro. Ele também acha que não configura nepotismo a indicação do seu filho Eduardo, o Zero Três, para a função de embaixador do Brasil em Washington. Acha que não haveria nada demais se nomeasse para o Supremo Tribunal Federal um ministro “terrivelmente evangélico”. E por aí vai.
O ministro Dias Toffoli, presidente do Supremo, quer saber se o jornalista americano Glenn Greenwald, autor das reportagens do site The Intercept sobre os bastidores da Lava Jato, está ou não está sendo investigado pela Polícia Federal ou por qualquer outro órgão do governo. Se estiver, a liberdade de imprensa corre risco.
A procuradora Geral da República, Rachel Dodge, se reunirá, hoje, em Brasília, com o coordenador da Força-Tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol, e outros membros da operação. Não se sabe se entre eles estará o procurador Roberson Pozzobon. Dallagnol e Pozzobon tramaram ganhar dinheiro à custa da Lava Jato.
Dodge não quis falar sobre a pauta de assuntos da reunião. Seus assessores recusaram-se a confirmar a informação de que um dos assuntos será o vazamento das conversas entre os procuradores e Moro. Ontem, Dodge perdeu um importante auxiliar, desgostoso com sua maneira arrastada de conduzir casos da Lava Jato.
A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, órgão vinculado ao Ministério Público Federal (MPF), divulgou nota defendendo que o combate à corrupção não pode ser feito com a “quebra de princípios” constitucionais. É a primeira manifestação em tom crítico de um órgão do MPF sobre o que se passou em Curitiba.
Segundo a nota, “o processo no qual juízes, mesmo sem dolo, ajam direta ou indiretamente, na promoção do interesse de uma das partes em detrimento da outra, estará comprometido”. Trata-se de uma nota tímida, como se vê, que se limita a repetir obviedades. Mas ante o ensurdecedor silêncio que havia, já foi alguma coisa.
Direito de resposta a Damares
Se concordar, taokey
Ultimamente recolhida a um silêncio prudente, a pastora Damares Alves, ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, arriscou-se a quebrá-lo para dar uma força ao presidente Jair Bolsonaro, tão criticado por suas ideias bizarras.
“Se o Supremo Tribunal Federal é igualitário, por que não ter um ministro evangélico?” – perguntou Damares a um grupo de jornalistas carentes de ouvir sua voz. Acrescentou que a nomeação não teria como critério o aspecto religioso, “mas a capacidade”.
A ser assim, o ministro não precisaria ser evangélico, nem católico, nem ateu. Bastaria ter conduta ilibada e notável conhecimento jurídico. Se Damares insiste que além de tudo ele deva ser “terrivelmente evangélico” como sugere Bolsonaro, por que não…
+ Um trans como ministro da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos?
+ Um pai de santo na chefia da Casa Civil?
+ Um budista no comando do Exército?
+ Uma Testemunha de Jeová no Ministério da Saúde?
+ Um pajé na presidência da Funai?
Se a resposta de Damares for “sim” a todas essas provocações, que venha o ministro “terrivelmente evangélico”.
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