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Em jogo, algo como mais de 700 milhões de reais em 4 anos
O presidente Jair Bolsonaro quer queimar o deputado Luciano Bivar (PE), presidente do PSL, para que ele e seus garotos possam controlar a fortuna destinada ao partido pelos fundos partidário e eleitoral. Nos próximos quatro anos, algo como R$ 740 milhões.
É isso o que está por trás do ataque feito, ontem, por ele a Bivar. À saída do Palácio da Alvorada, na paradinha que dá para falar diariamente com admiradores e, como de costume, ofender jornalistas, Bolsonaro disse a um filiado do PSL:
– [Bivar] está queimado pra caramba.
Bolsonaro não quer sair do PSL. Quer que Bivar se curve às suas ordens na hora de repartir o dinheiro do partido com vistas às eleições municipais do próximo ano e às eleições gerais de 2022 quando ele deverá ser candidato à reeleição.
Há quatro anos, o PSL só elegeu um deputado federal e nenhum senador. Temporariamente alugado a Bolsonaro no ano passado, o partido elegeu 52 deputados federais e quatro senadores. Na Câmara, é dono da segunda maior bancada. A primeira é do PT.
Bolsonaro não tem nenhum apreço por partidos. Foi filiado a oito deles nos seus quase 30 anos como deputado federal. O PSL é o nono. A essa altura, montar um novo partido demandaria muito tempo – e Bolsonaro não pode se dar a esse luxo.
Trocar o PSL por um partido nanico seria arriscado. Os deputados do PSL que o acompanhassem na aventura poderiam perder o mandato. Só não perderiam se o PSL os expulsasse ou concordasse com sua saída. Improvável. Perderia dinheiro.
O mais provável é que Bolsonaro e Bivar acabem se entendendo.
Um jantar de arromba
Coisas da República
Nem por encomenda a noite, ontem, no restaurante Lake’s, tradicional reduto em Brasília de políticos, jornalistas e pessoas afins, poderia ter reunido para jantar uma fauna tão improvável.
Em uma área reservada, o presidente do PSL, deputado Luciano Bivar, e parte da bancada federal do partido confraternizavam com o ministro Sérgio Moro, da Justiça.
O prato principal deveria ter sido o pacote de leis contra o crime de Moro. Acabou sendo o ataque feito horas antes a Bivar pelo presidente Jair Bolsonaro
Moro chegou atrasado ao encontro. E não se deu conta de que em outra mesa estavam os procuradores Deltan Dallagnol, coordenador da Lava Jato em Curitiba, e Roberson Pozzobon.
Tanto quanto Moro, Dallagnol e Pozzobon são personagens de destaque nas conversas sobre os bastidores da Lava Jato divulgadas pelo site The Intercept Brasil. Virão mais por aí.
De repente, irrompeu no restaurante o ex-senador Romero Jucá (PMDB-RR). Um jornalista o aguardava. Jucá perdeu o cargo de ministro do Planejamento do governo Temer pelo que disse.
Em uma conversa gravada com o empresário Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, subsidiária da Petrobras, Jucá cunhou uma frase que se tornaria célebre e profética:
– É preciso estancar essa sangria.
Referia-se à Lava Jato. Que começa a ser estancada pelo Supremo Tribunal Federal e o Congresso.
Os personagens da noite tão movimentada foram embora fazendo de conta que não haviam se visto.
Por que Bolsonaro não irá a Roma
A opinião da primeira-dama Michelle Bolsonaro pesou na decisão do seu marido de não viajar a Roma para a canonização no próximo domingo da Irmã Dulce, a primeira santa brasileira.
O presidente havia admitido comparecer à cerimônia que será celebrada pelo Papa Francisco. Michelle foi contra por uma questão religiosa. Ela é evangélica de raiz.
No lugar de Bolsonaro irá o vice-presidente Hamilton Mourão. Por orientação de Bolsonaro, ele viajará em um jatinho da FAB com poucos lugares ao invés de num dos Boeing presidenciais.
Assim, Bolsonaro espera mostrar ao Papa a sua insatisfação com o Sínodo da Amazônia que se estenderá até o fim do mês reunindo em Roma cerca de 260 cardeais, bispos e religiosos.
Ministros de Estado, admiradores da Irmã Dulce, voarão a Roma em aviões comerciais e às próprias custas. Também o ex-presidente José Sarney que foi amigo da futura santa.
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