Lula solto – e não livre, como se tenta falsamente vender na narrativa triunfalista montada pelo PT – vai exacerbar a polarização entre os extremos estridentes da sociedade: de um lado, bolsonaristas revoltados clamando pelo fechamento do STF e, de outro, viúvas do lulopetismo ignorando que Lula foi condenado em duas instâncias e teve a condenação confirmada pelo STJ por crime comum. Graças à revisão do Supremo Tribunal Federal a respeito do momento do cumprimento da pena no Brasil, o País volta imediatamente ao momento maior de conflagração entre antípodas políticos, que levou à eleição de Jair Bolsonaro no ano passado.
O PT passou o último ano e meio preso a um samba de uma nota só, o da soltura do seu chefe maior. Foi um ator coadjuvante na discussão da reforma da Previdência e tem sido uma voz omissa diante das controvérsias do governo Bolsonaro, do meio ambiente à cultura, passando pela CPI das Fake News, onde os dissidentes bolsonaristas causam mais dor de cabeça ao Planalto que a oposição. Com Lula de volta ao palanque, vai entoar de novo a cantilena da perseguição política e tentar obter dividendos político-eleitorais de seu carisma – algo ainda duvidoso, uma vez que o antipetismo também continua forte, e tente a ganhar contornos de indignação com a decisão do Supremo.
Bolsonaro foi discreto na reação à soltura de seu inimigo favorito. Do ponto de vista político, as hostes bolsonaristas estão no melhor dos mundos: ainda que o silêncio possa fazer com que a tropa estranhe, automaticamente galvaniza em torno do presidente aquelas franjas antipetistas que começavam a criticar a ideologização exagerada do governo, os laivos autoritários do presidente, dos filhos e a tendência ao confronto com tudo e todos. Esse pessoal já esqueceu as restrições e já se prepara para gritar “mito” de novo em 2022.
Com isso, a ideia de reconstrução de alternativas moderadas de centro, centro-esquerda e centro-direita vai se perdendo no rame-rame de radicalização do discurso fácil das redes sociais, que permite mistificações como a de que Lula era um preso político e tentações golpistas como a de fechar o STF com um cabo e um soldado, dois lados dos extremos que arreganham de novo os dentes.
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