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Neste fim de semana, as mortes passarão de 10 mil
O Brasil chegou a 9.897 mortes em decorrência do novo coronavírus. Nas últimas 24 horas, 751 novos óbitos foram confirmados, o maior número registrado no período. O que significa um aumento de 22,1% em relação ao recorde anterior, que era de 615. O número de casos da doença alcançou a marca de 145.328.
Assim, o país já ultrapassou o dobro do número de mortes da China (4.633), onde o primeiro caso de coronavírus aconteceu entre novembro e dezembro do ano passado. Na próxima segunda-feira, o número de mortos deverá passar dos 10 mil. Somente em São Paulo, antes do final de junho, estima-se que morrerão 11 mil pessoas.
Convenhamos: este não seria o melhor momento para que o presidente da República oferecesse um churrasco em sua residência oficial com direito a festejos que costumam pontilhar ocasiões como essa. Mas é o que Jair Bolsonaro fará. O “evento” contraria as recomendações de saúde para que se evite aglomerações. E daí?
Inicialmente, seria de 30 o número de convidados. No final da tarde de ontem, em tom de deboche, o presidente disse que chamou mais de mil pessoas para a confraternização:
– Setecentas confirmaram aqui. Oitocentas pessoas no churrasco… Espera aí, quem vai aqui? Novecentas pessoas no churrasco amanhã. Tem mais um pessoal de Taguatinga: 1.100 pessoas no churrasco! […] Se tiver mil, a gente bota para dentro.
Bolsonaro gosta de bancar o engraçado, ao contrário do seu ídolo, o presidente Donald Trump. Como Trump, é um jogador viciado em apostas políticas arriscadas. Só que Trump sabe que criou um personagem para si e ele o administra. Bolsonaro, não. Ele é o que é. Ponto. É o que faz questão de mostrar todos os dias.
Não disse que o Covid-19 era uma gripezinha para enganar os tolos. Disse porque acreditou de fato que fosse uma gripezinha ou um resfriadinho. Subestimou a epidemia. Tentou ridicularizá-la ao afirmar que escaparia aos seus efeitos. Zombou dela. Nem por isso quer revelar os resultados de dois exames que fez.
Uma vez que apostou errado, insiste no erro. Ouviu falar que o melhor era que o vírus se espalhasse até contaminar 70% dos brasileiros. Só assim a situação poderia melhorar. É o que teima em repetir sem deixar espaço para dúvidas. Assumiu o papel de o maior inimigo do confinamento social. E não quer mais largá-lo.
Prometeu que seria visto dentro de um metrô lotado, de um ônibus lotado, de uma barcaça igualmente lotada. Ainda não foi visto. Porém, já anunciou que pretende visitar a mãe daqui a duas semanas. Dona Olinda tem 93 anos e mora em Eldorado, interior de São Paulo. A volta ao lar do filho pródigo provocará novas aglomerações. E daí?
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