Folha de S. Paulo
Uso do dinheiro público para seduzir
eleitorado tipifica crime
É o cúmulo do atraso em uma sociedade que o
futuro de um país com 156 milhões de eleitores, ou o futuro da mais influente
potência mundial, seja subordinado à difusão
de informações falsas. Cá e lá, essa nova arma antidemocracia encontrou
adeptos e condições favoráveis como em nenhum outro país. Cá e lá, a
direita mais desvairada domina, em número e falta de escrúpulos, o uso
proveitoso dessa nova criminalidade que se sobrepõe até ao Estado perplexo e
impotente.
Por aqui, não basta. A imoralidade predominante no poder de governo está em nível equivalente às republiquetas e tiranias mais indecentes, do passado e do presente. O uso do dinheiro público por Bolsonaro e Paulo Guedes, para seduzir segmentos do eleitorado, tipifica crime múltiplo. A começar por transgredir a proibição legal de medidas, no período eleitoral, favorecedoras do eleitorado a seduzir.
A notícia mais recente a respeito indica R$
21 bilhões extraordinários já comprometidos desse modo. Mas o pacotaço lá
atrás, que deslanchou o compartilhamento Bolsonaro-centrão,
reuniu cerca de R$ 95 bilhões com destinação sempre conectada à produtividade
eleitoreira. Além disso, são quatro anos em que Bolsonaro esteve ativo sem
trabalhar como governante. Talvez tenha sido melhor assim, considerado o grau
extremo de sua ignorância. E os propósitos. Sua atividade, porém, sempre de
promoção pessoal, com viagens de diversão e de interesses sombrios (idas
a Moscou e Hungria, por exemplo) é toda bancada pelos cofres públicos.
Custo alto o desses quatro anos de campanha
bolsonarista ininterrupta e repleta de ilegalidades. Diante disso, as
instituições que "estão funcionando" não funcionam. Tanto que são
quatro anos de abuso desavergonhado —e nada que o detivesse, sem sequer lembrar
as punições determinadas pelos códigos das instituições que "estão
funcionando".
E quando um ou outro na Justiça Eleitoral,
no Supremo, no Tribunal de Contas, um procurador, arma-se da sua hombridade e
faz funcionar uma partícula das instituições que "estão funcionando"
inertes é atacado pelos que não atacam a imoralidade, a corrupção, nem mesmo a
mortandade criminosa de dezenas ou centenas de milhares dos nossos próximos.
Augusto
Aras aciona o Supremo contra as exclusões de fake news determinadas
por Alexandre
de Moraes. Logo quem. Esse fugitivo das obrigações morais e legais acusa o
presidente do TSE de se atribuir superpoderes, na contenção das redes. Aras é
o clone de procurador-geral da República que não demonstra caráter nem para um
parecer simplório sobre as conclusões
da CPI da Covid, relato criterioso das patifarias comerciais e da pregação
contra medidas protetivas da população na pandemia, inclusive
com induções terapêuticas falsas. Aras é o próprio crime.
Precisamos dar-nos e dar ao nosso país a
oportunidade que lhe faltou: sempre, de investigar e sentenciar os responsáveis
dos horrores de tantos crimes contra a população e os bens nacionais, como a
pandemia incentivada e a devastação
amazônica. Esses crimes, não resultando na condenação dos autores e
beneficiários, consolidam a condenação do país a dirigir-se contra o que
podemos ser e ter. Isso se decidirá, com a democracia, em cada voto do dia 30.
Pedófilo
"Pedofilia: perversão que leva um
adulto a sentir atração sexual por crianças" (Caldas Aulete).
"Parei a moto numa esquina, tirei o
capacete e olhei umas menininhas, três, quatro, bonitas, de 14, 15 anos, numa
comunidade. Pintou um clima. Voltei, ‘posso entrar na tua casa?’ Entrei".
(Bolsonaro, podcast Paparazzo Rubro-Negro, 14.out).
Menininhas de 14, 15 anos são menores, não
chegaram nem à maioridade eleitoral de 16 anos. Nas duas ocasiões em que falou
do clima que pintou, Bolsonaro disse que entrou na casa: o clima foi além
do encontro. É indiferente que Bolsonaro não escrevesse o que se seguiu na
casa. O que disse e a definição de pedofilia bastam para sustentar que a
senadora Simone Tebet e
outros não incorrem em inverdade e insulto ao citar Bolsonaro
como pedófilo. Ele se mostrou e se disse.
Segunda parte. "Todas muito bem
arrumadas, tinham tomado banho, estavam fazendo o cabelo. Venezuelanas. Estavam
se arrumando para quê? Alguém tem ideia, quer que eu fale? Para fazer programa.
Qual era a fonte de sobrevivência delas? Essa". (Bolsonaro, mesmo
podcast).
"Arrumadas para ganhar a vida",
"para fazer programa", "fonte de sobrevivência delas".
Nenhuma dúvida: as menininhas na citação de Bolsonaro vivem de prostituição. Na
realidade, são refugiadas sob atenções da Caritas e, quando Bolsonaro viu
pintar um clima, apenas faziam curso de estética feminina.
Nenhuma dúvida: cada uma das meninas tem
direito a pesada indenização por danos morais e psíquicos. Michelle
Bolsonaro e Damares Alves foram ao encontro das meninas para evitar o
processo indenizatório. As meninas esperam por um advogado honesto.
2 comentários:
"A imoralidade predominante no poder de governo está em nível equivalente às republiquetas e tiranias mais indecentes"
Verdade. Q gente ruim tá no Planalto.
"Parei a moto numa esquina, tirei o capacete e olhei umas menininhas, três, quatro, bonitas, de 14, 15 anos, numa comunidade. Pintou um clima. Voltei, ‘posso entrar na tua casa?’ Entrei" (Bolsonaro, sendo o q é, um canalha)
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