Fernando Rodrigues
DEU NA FOLHA DE S. PAULO
BRASÍLIA - Descontadas as preposições, "crise" foi a palavra mais usada por Lula no seu pronunciamento à nação anteontem na TV. O presidente usou o termo 11 vezes.
O objetivo era combater o pessimismo. Estimular os consumidores a irem às compras. Mas se era para inocular ânimo nos telespectadores, talvez o presidente devesse ter evitado pronunciar tantas vezes a palavra maldita "crise".
Lula parece não se preocupar com esse tipo de detalhe. Sua rotina é simples: 1) diz qual deve ser a idéia geral de seu discurso; 2) alguém escreve e 3) ele interpreta lendo diretamente no teleprompter -o equipamento que projeta em um espelho falso, em frente à câmera, o texto da fala presidencial. O petista, aliás, domina a engenhoca de leitura como nenhum de seus antecessores no Planalto. Lula tornou-se um craque nessa arte.
Em várias cerimônias públicas ou até em comícios ao ar livre, sempre que pode, leva o teleprompter a tiracolo. Eis aí um traço de modernidade quase nunca percebido ou reconhecido no presidente: ele lê muito bem seus textos na TV.
Ironia à parte, o clima geral em Brasília neste final de ano é de pânico moderado. Não existe o menor consenso no governo sobre como será exatamente o impacto da desaceleração econômica. Daí a razão de o presidente se esfalfar diariamente para tentar manter um certo otimismo no país.
O pior cenário para Lula parece ser também o mais provável. A carnificina ocorre no primeiro semestre de 2009. Demissões, queda nas vendas e nos níveis salariais. O restante do ano se arrasta. O Natal vem sem brilho. Por fim, 2010 começa com os eleitores querendo mudanças, favorecendo a oposição.
Para impedir a consumação dessa profecia quase auto-realizável, Lula terá ainda muitos discursos a fazer. E será cada vez mais difícil para ele evitar a palavra "crise".
DEU NA FOLHA DE S. PAULO
BRASÍLIA - Descontadas as preposições, "crise" foi a palavra mais usada por Lula no seu pronunciamento à nação anteontem na TV. O presidente usou o termo 11 vezes.
O objetivo era combater o pessimismo. Estimular os consumidores a irem às compras. Mas se era para inocular ânimo nos telespectadores, talvez o presidente devesse ter evitado pronunciar tantas vezes a palavra maldita "crise".
Lula parece não se preocupar com esse tipo de detalhe. Sua rotina é simples: 1) diz qual deve ser a idéia geral de seu discurso; 2) alguém escreve e 3) ele interpreta lendo diretamente no teleprompter -o equipamento que projeta em um espelho falso, em frente à câmera, o texto da fala presidencial. O petista, aliás, domina a engenhoca de leitura como nenhum de seus antecessores no Planalto. Lula tornou-se um craque nessa arte.
Em várias cerimônias públicas ou até em comícios ao ar livre, sempre que pode, leva o teleprompter a tiracolo. Eis aí um traço de modernidade quase nunca percebido ou reconhecido no presidente: ele lê muito bem seus textos na TV.
Ironia à parte, o clima geral em Brasília neste final de ano é de pânico moderado. Não existe o menor consenso no governo sobre como será exatamente o impacto da desaceleração econômica. Daí a razão de o presidente se esfalfar diariamente para tentar manter um certo otimismo no país.
O pior cenário para Lula parece ser também o mais provável. A carnificina ocorre no primeiro semestre de 2009. Demissões, queda nas vendas e nos níveis salariais. O restante do ano se arrasta. O Natal vem sem brilho. Por fim, 2010 começa com os eleitores querendo mudanças, favorecendo a oposição.
Para impedir a consumação dessa profecia quase auto-realizável, Lula terá ainda muitos discursos a fazer. E será cada vez mais difícil para ele evitar a palavra "crise".
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