Tatiana Farah;
DEU NA AGÊNCIA BRASIL / GLOBO ONLINE
SÃO PAULO - Um dia depois de criticar a leniência do governo diante dos casos de corrupção , o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso voltou ao ataque nesta terça-feira e acusou o governo de permitir que "cupins" corroam a política brasileira. Em seminário promovido pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio) sobre os 15 anos de Plano Real, FH disse, que a corrupção é "endêmica" nos governos, mas, sem citar o nome do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acusou o petista de "passar a mão na cabeça" de pessoas corruptas.
- Você reduz a corrupção botando na cadeia quem é corrupto, se não, não tem condição. Não sou vingativo, mas não dá para continuar no país uma situação em que a população toda sente que a lei não é igual para todos e que alguns transgridem a lei e não acontece nada. Pior que às vezes o presidente da República vem à pessoa e diz: "não foi nada". Não dá, é uma questão de valores. Você tem de dar nome aos bois - disse Fernando Henrique a uma plateia formada por empresários, intelectuais e estudantes.
" Pelo menos quem foi preso no meu tempo foi o NicoLau. Talvez seja o único preso até hoje. Até hoje. Então é patético "
Mais tarde, em entrevista coletiva, o ex-presidente admitiu que houvesse casos de corrupção em seu governo, mas voltou a criticar Lula:
- A corrupção é uma coisa endêmica. Tinha no meu (governo), teve nos anteriores. Não tem uma palavra minha de passar a mão na cabeça de corrupto. Nenhuma. Não há um momento em que a alusão à corrupção não tenha acabado em demissão. A diferença é de atitude. Não posso garantir que não tenha havido corrupção. Posso garantir que nunca compactuei com ela. Mesmo pessoa que eventualmente eu pudesse ter alguma relação, se foi acusado, estava afastado. A atitude que é o problema. É muito mais uma questão de conduta. Porque isso tem influência sobre o comportamento dos demais.
Fernando Henrique não quis dar nome às pessoas que, segundo ele, deveriam estar presas por corrupção:
- Eu não preciso nominar ninguém, o Ministério Público nominou vários. Quem tem de cuidar da corrupção é o Ministério Público. Não houve condenação nenhuma. A Justiça é lenta.
O ex-presidente estendeu as críticas ao sistema judiciário:
- E você precisa efetivamente acelerar os processos judiciais. Isso não é um problema deste governo. É um problema do Brasil. Sem dúvida alguma, você tem o sentimento de impunidade. O que garante a continuidade da corrupção é o sentimento de impunidade.
" Graças à sagacidade do presidente Lula, o Brasil está melhor do que estava "
Perguntado se alguém havia sido preso por corrupção durante seu governo, o ex-presidente lembrou-se apenas do juiz federal paulista Nicolau dos Santos Neto, apelidado de Lalau, condenado a 26 anos de prisão pelo desvio de R$ 169,5 milhões.
- Pelo menos quem foi preso no meu tempo foi o NicoLau. Talvez seja o único preso até hoje. Até hoje. Então é patético.
Fernando Henrique ainda ironizou uma crítica feita a ele por Lula, que teria dito que ex-presidente deve ficar calado.
- Ai que saudade do regime militar, em que eu podia falar - brincou o ex-presidente.
Citando Lula diretamente, Fernando Henrique disse que o presidente está dando passos para trás ao não separar interesses partidários do interesse público. E afirmou, mais uma vez, que a máquina pública está cheia de cupins.
DEU NA AGÊNCIA BRASIL / GLOBO ONLINE
SÃO PAULO - Um dia depois de criticar a leniência do governo diante dos casos de corrupção , o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso voltou ao ataque nesta terça-feira e acusou o governo de permitir que "cupins" corroam a política brasileira. Em seminário promovido pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio) sobre os 15 anos de Plano Real, FH disse, que a corrupção é "endêmica" nos governos, mas, sem citar o nome do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acusou o petista de "passar a mão na cabeça" de pessoas corruptas.
- Você reduz a corrupção botando na cadeia quem é corrupto, se não, não tem condição. Não sou vingativo, mas não dá para continuar no país uma situação em que a população toda sente que a lei não é igual para todos e que alguns transgridem a lei e não acontece nada. Pior que às vezes o presidente da República vem à pessoa e diz: "não foi nada". Não dá, é uma questão de valores. Você tem de dar nome aos bois - disse Fernando Henrique a uma plateia formada por empresários, intelectuais e estudantes.
" Pelo menos quem foi preso no meu tempo foi o NicoLau. Talvez seja o único preso até hoje. Até hoje. Então é patético "
Mais tarde, em entrevista coletiva, o ex-presidente admitiu que houvesse casos de corrupção em seu governo, mas voltou a criticar Lula:
- A corrupção é uma coisa endêmica. Tinha no meu (governo), teve nos anteriores. Não tem uma palavra minha de passar a mão na cabeça de corrupto. Nenhuma. Não há um momento em que a alusão à corrupção não tenha acabado em demissão. A diferença é de atitude. Não posso garantir que não tenha havido corrupção. Posso garantir que nunca compactuei com ela. Mesmo pessoa que eventualmente eu pudesse ter alguma relação, se foi acusado, estava afastado. A atitude que é o problema. É muito mais uma questão de conduta. Porque isso tem influência sobre o comportamento dos demais.
Fernando Henrique não quis dar nome às pessoas que, segundo ele, deveriam estar presas por corrupção:
- Eu não preciso nominar ninguém, o Ministério Público nominou vários. Quem tem de cuidar da corrupção é o Ministério Público. Não houve condenação nenhuma. A Justiça é lenta.
O ex-presidente estendeu as críticas ao sistema judiciário:
- E você precisa efetivamente acelerar os processos judiciais. Isso não é um problema deste governo. É um problema do Brasil. Sem dúvida alguma, você tem o sentimento de impunidade. O que garante a continuidade da corrupção é o sentimento de impunidade.
" Graças à sagacidade do presidente Lula, o Brasil está melhor do que estava "
Perguntado se alguém havia sido preso por corrupção durante seu governo, o ex-presidente lembrou-se apenas do juiz federal paulista Nicolau dos Santos Neto, apelidado de Lalau, condenado a 26 anos de prisão pelo desvio de R$ 169,5 milhões.
- Pelo menos quem foi preso no meu tempo foi o NicoLau. Talvez seja o único preso até hoje. Até hoje. Então é patético.
Fernando Henrique ainda ironizou uma crítica feita a ele por Lula, que teria dito que ex-presidente deve ficar calado.
- Ai que saudade do regime militar, em que eu podia falar - brincou o ex-presidente.
Citando Lula diretamente, Fernando Henrique disse que o presidente está dando passos para trás ao não separar interesses partidários do interesse público. E afirmou, mais uma vez, que a máquina pública está cheia de cupins.
Ao ser indagado por um cidadão presente ao evento qual seria o inseticida para combater os cupins que o ex-presidente afirma estarem tomando conta da máquina pública, FH respondeu:
- O inseticida vai depender do voto popular.
A apresentação de Fernando Henrique sobre o Plano Real, que contou com os economistas Pedro Malan e Gustavo Franco, não foi só de críticas a Lula. Depois de chamar o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) de Programa de Aceleração da Comunicação e dizer que o ´programa não tem nem 1% de investimento do Produto Interno Bruto (PIB), afirmou que Lula melhorou o Brasil.
- Graças à sagacidade do presidente Lula, o Brasil está melhor do que estava - disse ele.
Segundo Fernando Henrique, o país vive um momento em que precisa de "grandeza". Nos mesmos moldes em que o presidente americano Barack Obama apresentou-se aos Estados Unidos com o slogan "Yes, we can" (Sim, nós podemos), Fernado Henrique avalia que o Brasil pede algo semelhante.
- O presidente Lula fez isso também (como Obama), e nós com o Plano Real. O Brasil precisa de grandeza. Nós precisamos de um governo que inspire cuidado nas pessoas, que as pessoas sintam que é verdade. E cuidado desde a segurança, até a creche, educação, saúde, emprego. Mas como estou aposentado, é a opinião de quem está de fora.
'Congresso não representa mais nada', diz FH
Na segunda-feira, FH disse que o atual sistema de representação política do país está "bambo" e, por isso, "não representa mais nada".
- Isso é visível, e provoca um efeito de desmoralização extraordinário. Como ter democracia se não há respeito pelo Congresso? E como ter respeito ao Congresso se todo dia a imprensa noticia coisas que não são corretas no Congresso?
Provocado a dizer se na oposição o PSDB ficou sem discurso pelo fato de o governo do presidente Lula ter dado continuidade à política macroeconômica adotada no Plano Real - com os regimes de meta de inflação, câmbio flutuante e meta de superávit primário -, FHC saiu pela tangente.
Enfatizou que a Carta aos Brasileiros, divulgada durante a corrida presidencial de 2002, "foi o ato de penitência do PT, dizendo que não ia fazer nada do que sempre pregou", concluiu.
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