segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Negociações sobre restituição de Zelaya recomeçam hoje

Fabiano Maisonnave e Ana Flor
Enviados Especiais a Tegucigalpa
DEU NA FOLHA DE S. PAULO


Na Embaixada do Brasil, onde líder deposto está há quatro semanas, há pessimismo sobre acordo

Os delegados de Manuel Zelaya e do governo interino de Roberto Micheletti voltam a se reunir hoje em Tegucigalpa para novamente discutir o impasse sobre um acordo para a restituição do presidente deposto.

Desde a última terça-feira, as negociações estão concentradas numa fórmula para a eventual volta de Zelaya à Presidência. Micheletti insiste em que um acordo entre as partes tem de ser submetido à Suprema Corte, enquanto o presidente deposto defende que a análise seja feita pelo Congresso.

No cálculo de Micheletti, o Judiciário barrará a volta de Zelaya -em agosto, a Suprema Corte já havia rechaçado o Acordo de San José. A proposta, formulada pelo presidente da Costa Rica, Óscar Arias, serve de base para as negociações atuais em Tegucigalpa.

Já Zelaya acredita que o Congresso ratificará a sua volta à Presidência, apesar de a maioria dos deputados (o sistema é unicameral) ter apoiado a sua destituição, em 28 de junho.

Caso não haja acordo hoje, Zelaya, que já havia dado um ultimato vencido na quinta-feira, promete não reconhecer as eleições presidenciais de novembro, posição que vem mantendo desde que foi deposto.

Na embaixada brasileira, onde Zelaya completa hoje quatro semanas abrigado, o clima é de pessimismo sobre um acordo no curto prazo, depois de uma frustrada expectativa na semana passada.

O presidente deposto continua pressionando por uma maior atuação dos EUA, principal parceiro econômico hondurenho. Em recente conversa por telefone com Zelaya, o embaixador americano, Hugo Llorens, prometeu que seu país ainda fará "um gol aos 49 minutos do segundo tempo", em favor da restituição. É uma alusão à vitória de quarta-feira contra a Costa Rica, em que um gol americano no último minuto classificou Honduras para a Copa do Mundo, por meio de uma combinação de resultados.

Anteontem, morreu o líder sindical Jairo Sánchez, ferido em uma marcha da resistência em setembro. Presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Instituto de Formação Profissional, ele foi atingido por uma bala na cabeça e estava internado em Tegucigalpa.

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