Ricardo Brito
DEU NO CORREIO BRAZILIENSE
Ao todo, 17 senadores com mandatos até 2015 podem disputar eleições no próximo ano. O desejo, entre outras razões, é se tornar governador ou ter visibilidade política
Mesmo tendo oito anos de mandato, senadores gostam é de disputar eleições. No próximo ano, 54 deles precisam obrigatoriamente lutar pelo voto do eleitorado caso queiram se manter em cargos eletivos. Os 27 restantes têm a confortável situação de poderem assistir à corrida eleitoral de longe, pois seus mandatos terminam apenas em 2015. A maioria deles, contudo, prefere concorrer. Levantamento feito pelo Correio aponta que, no momento, 17 senadores desse grupo não descartam se candidatar ao governo do estado em 2010.
São várias as razões que levam os parlamentares a almejar o cargo de chefes do Executivo estadual. Entre as principais, estão o desejo de realizar projetos e obras, a frustração com os trabalhos do Legislativo, a imposição dos partidos de terem palanques nos estados por causa da disputa presidencial e até mesmo manter visibilidade política de olho na reeleição de 2014. Como é uma fotografia atual, nem todos efetivamente vão concorrer.
Senador de terceiro mandato, Álvaro Dias (PSDB) deseja governar o Paraná, estado que já chefiou entre 1987 e 1991. Para tanto, terá primeiro de passar pelo crivo do partido. Ele disputa a indicação tucana ao cargo contra o prefeito de Curitiba, Beto Richa. A escolha recairá sobre quem estiver melhor nas pesquisas de intenção de voto.
No caso de Dias, parte do projeto de voltar ao Executivo passa pelo descontentamento pessoal com as atividades do Senado. “Aqui, tenta-se mudar a realidade falando. Lá, você muda fazendo”, resume ele, ressaltando que quatro anos de governador “valem por muitos anos de legislativo”. Considera que o peso da campanha no meio do mandato é menor. “Se perdermos, continuamos nosso trabalho no Senado”, disse.
O PSDB tem um motivo a mais para lançar senadores na metade dos mandatos. Ter o maior número de palanques estaduais para que o candidato do partido em 2010 faça campanha. A disputa está entre os governadores José Serra (SP) ou Aécio Neves (MG). Os tucanos avaliam como fundamental esses palanques para contrabalançar os recentes acordos que a candidata do PT a suceder Luiz Inácio Lula da Silva, a ministra Dilma Rousseff (PT), costurou com partidos da base aliada. Não é à toa que todos os seis senadores do partido em meados de mandato podem concorrer em 2010.
Efeitos
Crítico ferrenho do governo Lula, o senador pernambucano Jarbas Vasconcelos (PMDB) pode entrar na corrida a governador com um triplo objetivo. Primeiro, impedir a reeleição de Eduardo Campos (PSB). Depois ajudar os oposicionistas Sérgio Guerra, presidente do PSDB, e Marco Maciel, ex-vice-presidente, a conquistar mais oito anos de Senado no próximo ano. E, por fim, um palanque para o presidenciável tucano. Porém, Jarbas, bem cotado nas pesquisas, ainda não se decidiu.
A senadora Rosalba Ciarlini (DEM) tende a disputar o governo potiguar. Embora ressalte que não tenha decidido pela candidatura, Rosalba está bem colocada nas simulações ao cargo. Caso concorra, ajudaria a reeleição do ex-presidente do Senado Garibaldi Alves Filho (PMDB) e o líder do DEM na Casa, Agripino Maia — efeito semelhante à candidatura de Jarbas.
Diferentemente de Alvaro Dias, Rosalba afirma que não é tão confortável assim disputar as eleições em meados de mandato. Segundo ela, os parlamentares terão de enfrentar uma dura campanha política ao mesmo tempo em que não podem descuidar do mandato. “Os eleitores também nos cobrarão pelo mandato”, afirma Rosalba.
A mestre em ciências Políticas Vera Lúcia Campos, do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj), avalia que a tendência de senadores em disputar governos “faz parte da dinâmica eleitoral brasileira”. “Aqui, os movimentos são circulares. O político está no Legislativo, segue para o Executivo e vice-versa”, disse. Sua tese de mestrado estudou esse fenômeno, só que em nível municipal. Segundo a tese, nas eleições de 2008, de 513 deputados, 129 anunciaram que concorreriam para prefeito e vice-prefeito. Desses, 93 participaram. “A disputa ao governo de estado é uma espécie de recall” , conclui.
DEU NO CORREIO BRAZILIENSE
Ao todo, 17 senadores com mandatos até 2015 podem disputar eleições no próximo ano. O desejo, entre outras razões, é se tornar governador ou ter visibilidade política
Mesmo tendo oito anos de mandato, senadores gostam é de disputar eleições. No próximo ano, 54 deles precisam obrigatoriamente lutar pelo voto do eleitorado caso queiram se manter em cargos eletivos. Os 27 restantes têm a confortável situação de poderem assistir à corrida eleitoral de longe, pois seus mandatos terminam apenas em 2015. A maioria deles, contudo, prefere concorrer. Levantamento feito pelo Correio aponta que, no momento, 17 senadores desse grupo não descartam se candidatar ao governo do estado em 2010.
São várias as razões que levam os parlamentares a almejar o cargo de chefes do Executivo estadual. Entre as principais, estão o desejo de realizar projetos e obras, a frustração com os trabalhos do Legislativo, a imposição dos partidos de terem palanques nos estados por causa da disputa presidencial e até mesmo manter visibilidade política de olho na reeleição de 2014. Como é uma fotografia atual, nem todos efetivamente vão concorrer.
Senador de terceiro mandato, Álvaro Dias (PSDB) deseja governar o Paraná, estado que já chefiou entre 1987 e 1991. Para tanto, terá primeiro de passar pelo crivo do partido. Ele disputa a indicação tucana ao cargo contra o prefeito de Curitiba, Beto Richa. A escolha recairá sobre quem estiver melhor nas pesquisas de intenção de voto.
No caso de Dias, parte do projeto de voltar ao Executivo passa pelo descontentamento pessoal com as atividades do Senado. “Aqui, tenta-se mudar a realidade falando. Lá, você muda fazendo”, resume ele, ressaltando que quatro anos de governador “valem por muitos anos de legislativo”. Considera que o peso da campanha no meio do mandato é menor. “Se perdermos, continuamos nosso trabalho no Senado”, disse.
O PSDB tem um motivo a mais para lançar senadores na metade dos mandatos. Ter o maior número de palanques estaduais para que o candidato do partido em 2010 faça campanha. A disputa está entre os governadores José Serra (SP) ou Aécio Neves (MG). Os tucanos avaliam como fundamental esses palanques para contrabalançar os recentes acordos que a candidata do PT a suceder Luiz Inácio Lula da Silva, a ministra Dilma Rousseff (PT), costurou com partidos da base aliada. Não é à toa que todos os seis senadores do partido em meados de mandato podem concorrer em 2010.
Efeitos
Crítico ferrenho do governo Lula, o senador pernambucano Jarbas Vasconcelos (PMDB) pode entrar na corrida a governador com um triplo objetivo. Primeiro, impedir a reeleição de Eduardo Campos (PSB). Depois ajudar os oposicionistas Sérgio Guerra, presidente do PSDB, e Marco Maciel, ex-vice-presidente, a conquistar mais oito anos de Senado no próximo ano. E, por fim, um palanque para o presidenciável tucano. Porém, Jarbas, bem cotado nas pesquisas, ainda não se decidiu.
A senadora Rosalba Ciarlini (DEM) tende a disputar o governo potiguar. Embora ressalte que não tenha decidido pela candidatura, Rosalba está bem colocada nas simulações ao cargo. Caso concorra, ajudaria a reeleição do ex-presidente do Senado Garibaldi Alves Filho (PMDB) e o líder do DEM na Casa, Agripino Maia — efeito semelhante à candidatura de Jarbas.
Diferentemente de Alvaro Dias, Rosalba afirma que não é tão confortável assim disputar as eleições em meados de mandato. Segundo ela, os parlamentares terão de enfrentar uma dura campanha política ao mesmo tempo em que não podem descuidar do mandato. “Os eleitores também nos cobrarão pelo mandato”, afirma Rosalba.
A mestre em ciências Políticas Vera Lúcia Campos, do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj), avalia que a tendência de senadores em disputar governos “faz parte da dinâmica eleitoral brasileira”. “Aqui, os movimentos são circulares. O político está no Legislativo, segue para o Executivo e vice-versa”, disse. Sua tese de mestrado estudou esse fenômeno, só que em nível municipal. Segundo a tese, nas eleições de 2008, de 513 deputados, 129 anunciaram que concorreriam para prefeito e vice-prefeito. Desses, 93 participaram. “A disputa ao governo de estado é uma espécie de recall” , conclui.
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