segunda-feira, 19 de outubro de 2009

PSDB: indefinição prejudica alianças regionais

Bernardo Mello Franco
DEU EM O GLOBO

Tucanos defendem escolha de candidato ainda este ano e alegam perda de aliados em estados como RJ e MS

BRASÍLIA. A indefinição sobre a escolha do candidato do PSDB à Presidência da República preocupa as bases do partido, que temem que a demora atrapalhe a montagem dos palanques regionais para 2010. Tucanos de diferentes estados dizem que a incerteza no plano nacional já prejudica as articulações com legendas de oposição ao governo federal, e até da base governista, e defendem a escolha do candidato até dezembro.

A mesma preocupação foi manifestada pelas bancadas do DEM na Câmara e no Senado, que, em pesquisa publicada ontem pelo GLOBO, elegeram Aécio Neves (MG) como o presidenciável tucano "preferido", mas apontaram José Serra (SP) como o mais "competitivo". Os tucanos consideraram natural a avaliação do DEM, e indicam divisão semelhante no PSDB.

- A demora está provocando constrangimento no partido e entre os aliados. A escolha do nosso candidato a presidente é urgente, porque ele será o principal articulador das alianças regionais. Dependendo do nome lançado, o PSDB terá palanques mais ou menos fortes nos estados - defende o pré-candidato ao governo do Paraná, o senador Alvaro Dias (PSDB-PR).

Em alguns estados, a demora pode levar aliados a palanques rivais. É o caso de Mato Grosso do Sul, onde o PSDB teme que a incerteza no plano nacional frustre uma possível aliança local com o governador André Puccinelli (PMDB). Se o acordo não for fechado com o PMDB no estado, a senadora Marisa Serrano (PSDB-MS) pode ser obrigada a lançar uma candidatura de sacrifício para não deixar Serra ou Aécio sem palanque.

- A demora inibe vários candidatos de anunciar apoio a Serra ou Aécio. Estamos chegando ao limite, a escolha não pode passar do fim do ano - diz a senadora, vice-presidente nacional do partido.

No Rio, a incerteza também contribui para o estado de aflição dos tucanos, sem palanque desde que a senadora Marina Silva (PV-AC) se tornou pré-candidata a presidente, forçando o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), que uniria a oposição no estado, a apoiá-la.

À espera da fumaça branca de "habemus candidato"

Líder da minoria no Congresso, o deputado tucano Otavio Leite confirma o dilema:

- A indefinição nacional fortalece a inércia regional. É difícil encontrar uma saída sem o candidato escolhido.

Otavio Leite compara a apreensão tucana à dos católicos no conclave, encontro de cardeais que define a escolha do Papa:

- O partido está aflito e angustiado. Serra e Aécio são nossos cardeais, e estamos todos na Praça de São Marcos aguardando a fumaça branca de "habemus candidato".

Aliado de Serra, o deputado Silvio Torres (PSDB-SP) faz coro ao governador paulista para que a decisão não seja precipitada, mas admite que pode ser arriscado esperar até março de 2010, como propõe o governador:

- A ansiedade pode levar a decisões equivocadas, mas março também seria muito distante para mobilizar as bases.

No encontro do PSDB em Goiânia, sábado, Serra repetiu palavras de Aécio, dizendo que o partido não pode desperdiçar a chance de voltar ao poder, mas não falou em data de definição do candidato:

- Não temos o direito de não vencer a eleição no ano que vem.

Sobre a enquete do GLOBO, Otavio Leite disse que o DEM pode opinar, mas ressaltou que a escolha caberá apenas ao PSDB. Alvaro Dias rebateu a declaração do presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), de que Serra não mobiliza a militância:

- Quem não está em campanha não pode mobilizar militantes. Serra está respeitando os prazos da lei eleitoral.

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