DEU NO VALO ECONÔMICO
César Felício, de Belo Horizonte
Presidenciável do PSDB que aposta na capacidade de ampliar alianças como diferencial contra o competidor interno, o governador de São Paulo, José Serra, o governador de Minas Gerais Aécio Neves fez com o PP o primeiro movimento para tentar atrair partidos da base governista.
Em dois jantares neste mês e em encontros em Brasília, ficou virtualmente acertado que o presidente da Assembleia Legislativa mineira, o deputado Alberto Pinto Coelho (PP), será candidato a vice na chapa ao governo estadual encabeçada pelo vice-governador do Estado, Antonio Junho Anastasia, que deve assumir a posição do titular em março.
A candidatura de Anastasia, contudo, só deverá ser confirmada em dezembro, depois que Aécio anunciar se seguirá tentando concorrer à Presidência ou optará pelo Senado. O acordo com o PP é o primeiro passo para o desenho da chapa majoritária em Minas, que deve envolver ainda a candidatura do ex-presidente Itamar Franco (PPS) ao Senado e, na hipótese de Aécio disputar a Presidência, de um nome do DEM ou do PR para a outra vaga de senador na chapa. Candidato declarado à reeleição, o senador Eduardo Azeredo (PSDB) deverá ser pressionado a abrir mão da pretensão.
A estratégia de Aécio é, em caso de candidatura presidencial, tentar obter o apoio formal do PP. O governador mineiro recebeu uma sinalização favorável dos parlamentares do partido ao receber a bancada federal para um jantar há sete meses, mas ao longo do ano o PP começou a ser assediado pelo PT para fechar uma aliança em torno da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. O partido conta na Esplanada dos Ministérios com o ministro das Cidades, Márcio Fortes.
"Hoje a tendência pelo apoio a uma candidatura pró-governo federal conta com a preferência de dois terços dos diretórios regionais, mas ´hoje´ não interessa. O que vai interessar é como estará o quadro em março ou abril do ano que vem", disse o presidente nacional do PP, o senador Francisco Dornelles (RJ), primo em segundo grau de Aécio, mas aliado do governador do Rio, Sérgio Cabral Filho (PMDB), que está alinhado ao Planalto.
Partido cuja maior expressão é a base de prefeitos em pequenas e médias cidades e a bancada na Câmara, o PP teria como tendência natural ficar neutro nas eleições presidenciais, liberando os diretórios regionais para fechares coligações como quiserem. Mas a participação na eleição nacional abre caminho para um partido negociar em posição de força um espaço no governo federal.
Dornelles sinalizou, contudo, que uma candidatura eventual de Aécio poderia, ao menos, levar o partido para uma posição neutra. "O fim da verticalização tornou possível ao PP escolher um candidato, mas é preciso ver se não será o caso de deixar os diretórios livres. Mesmo que a preferência por um candidato predomine, o que vai importar ao partido será ter uma posição de unidade, e não fazer a maioria prevalecer sobre a minoria, para que não sejam gerados constrangimentos invencíveis. O diretório do PP mineiro evidentemente quer apoiar Aécio", disse.
O governador também estabeleceu pontes com o PR e o PTB, siglas governistas de perfil semelhante ao do PP. No caso do PR, a candidatura de Aécio estimularia o partido a permanecer neutro na disputa presidencial, apesar da sigla ter feito um convite do ingresso ao governador mineiro. "Nossa primeira tendência seria apoiar o candidato de Lula, mas a depender do quadro podemos não dar nenhum apoio formal", afirmou o líder do PR na Câmara, deputado Sandro Mabel (GO), para quem "a preocupação central é eleger bancada". O PR investe no fim da verticalização com formulações criativas. Em Goiás, a sigla pretende fechar uma aliança com o deputado Ronaldo Caiado (DEM) e com o PP para disputar o governo estadual, reservando-se ao direito de apoiar Dilma. Em Minas, estará no palanque de Aécio.
Procurado pelo Valor, o presidente nacional do PTB, o ex-deputado Roberto Jefferson não quis dar entrevista. Em seu blog, esta semana, Jefferson fez um apelo para que o PSDB aceite a disputa entre Aécio e Serra na convenção nacional "para que o ônus da decisão não fique nas costas de um dos dois". Na semana anterior, afirmou que Aécio poderá ser "o sorriso que falta na campanha" e escreveu que aguardará a posição do governador mineiro para definir seu apoio. Rompido com o Planalto desde a denúncia do mensalão, em 2005, Jefferson conseguiu manter a presidência da sigla.
Esta semana, Aécio deve investir à esquerda. Recebe hoje para um almoço o deputado e possível candidato a presidente Ciro Gomes (PSB). Aécio e Ciro fizeram um acordo de não disputarem simultaneamente a Presidência, mas a transferência de domicílio eleitoral de Ciro do Ceará para São Paulo repercutiu mal em Minas. A interpretação é que Ciro sinalizou que aceitaria disputar o governo paulista com o apoio do PT, em uma estratégia que envolve uma aliança em torno da candidatura de Dilma.
César Felício, de Belo Horizonte
Presidenciável do PSDB que aposta na capacidade de ampliar alianças como diferencial contra o competidor interno, o governador de São Paulo, José Serra, o governador de Minas Gerais Aécio Neves fez com o PP o primeiro movimento para tentar atrair partidos da base governista.
Em dois jantares neste mês e em encontros em Brasília, ficou virtualmente acertado que o presidente da Assembleia Legislativa mineira, o deputado Alberto Pinto Coelho (PP), será candidato a vice na chapa ao governo estadual encabeçada pelo vice-governador do Estado, Antonio Junho Anastasia, que deve assumir a posição do titular em março.
A candidatura de Anastasia, contudo, só deverá ser confirmada em dezembro, depois que Aécio anunciar se seguirá tentando concorrer à Presidência ou optará pelo Senado. O acordo com o PP é o primeiro passo para o desenho da chapa majoritária em Minas, que deve envolver ainda a candidatura do ex-presidente Itamar Franco (PPS) ao Senado e, na hipótese de Aécio disputar a Presidência, de um nome do DEM ou do PR para a outra vaga de senador na chapa. Candidato declarado à reeleição, o senador Eduardo Azeredo (PSDB) deverá ser pressionado a abrir mão da pretensão.
A estratégia de Aécio é, em caso de candidatura presidencial, tentar obter o apoio formal do PP. O governador mineiro recebeu uma sinalização favorável dos parlamentares do partido ao receber a bancada federal para um jantar há sete meses, mas ao longo do ano o PP começou a ser assediado pelo PT para fechar uma aliança em torno da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. O partido conta na Esplanada dos Ministérios com o ministro das Cidades, Márcio Fortes.
"Hoje a tendência pelo apoio a uma candidatura pró-governo federal conta com a preferência de dois terços dos diretórios regionais, mas ´hoje´ não interessa. O que vai interessar é como estará o quadro em março ou abril do ano que vem", disse o presidente nacional do PP, o senador Francisco Dornelles (RJ), primo em segundo grau de Aécio, mas aliado do governador do Rio, Sérgio Cabral Filho (PMDB), que está alinhado ao Planalto.
Partido cuja maior expressão é a base de prefeitos em pequenas e médias cidades e a bancada na Câmara, o PP teria como tendência natural ficar neutro nas eleições presidenciais, liberando os diretórios regionais para fechares coligações como quiserem. Mas a participação na eleição nacional abre caminho para um partido negociar em posição de força um espaço no governo federal.
Dornelles sinalizou, contudo, que uma candidatura eventual de Aécio poderia, ao menos, levar o partido para uma posição neutra. "O fim da verticalização tornou possível ao PP escolher um candidato, mas é preciso ver se não será o caso de deixar os diretórios livres. Mesmo que a preferência por um candidato predomine, o que vai importar ao partido será ter uma posição de unidade, e não fazer a maioria prevalecer sobre a minoria, para que não sejam gerados constrangimentos invencíveis. O diretório do PP mineiro evidentemente quer apoiar Aécio", disse.
O governador também estabeleceu pontes com o PR e o PTB, siglas governistas de perfil semelhante ao do PP. No caso do PR, a candidatura de Aécio estimularia o partido a permanecer neutro na disputa presidencial, apesar da sigla ter feito um convite do ingresso ao governador mineiro. "Nossa primeira tendência seria apoiar o candidato de Lula, mas a depender do quadro podemos não dar nenhum apoio formal", afirmou o líder do PR na Câmara, deputado Sandro Mabel (GO), para quem "a preocupação central é eleger bancada". O PR investe no fim da verticalização com formulações criativas. Em Goiás, a sigla pretende fechar uma aliança com o deputado Ronaldo Caiado (DEM) e com o PP para disputar o governo estadual, reservando-se ao direito de apoiar Dilma. Em Minas, estará no palanque de Aécio.
Procurado pelo Valor, o presidente nacional do PTB, o ex-deputado Roberto Jefferson não quis dar entrevista. Em seu blog, esta semana, Jefferson fez um apelo para que o PSDB aceite a disputa entre Aécio e Serra na convenção nacional "para que o ônus da decisão não fique nas costas de um dos dois". Na semana anterior, afirmou que Aécio poderá ser "o sorriso que falta na campanha" e escreveu que aguardará a posição do governador mineiro para definir seu apoio. Rompido com o Planalto desde a denúncia do mensalão, em 2005, Jefferson conseguiu manter a presidência da sigla.
Esta semana, Aécio deve investir à esquerda. Recebe hoje para um almoço o deputado e possível candidato a presidente Ciro Gomes (PSB). Aécio e Ciro fizeram um acordo de não disputarem simultaneamente a Presidência, mas a transferência de domicílio eleitoral de Ciro do Ceará para São Paulo repercutiu mal em Minas. A interpretação é que Ciro sinalizou que aceitaria disputar o governo paulista com o apoio do PT, em uma estratégia que envolve uma aliança em torno da candidatura de Dilma.
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