DEU NA FOLHA DE S. PAULO
De olho em fatia do eleitorado de Lula, tucano investe em discurso de que tem origem humilde e administra para trabalhadores
Estratégia segue resultado de pesquisa que mostra que Dilma não desponta como herdeira de votos do petista nas classes mais baixas
Catia Seabra
Da Reportagem Local
De olho em fatia do eleitorado de Lula, tucano investe em discurso de que tem origem humilde e administra para trabalhadores
Estratégia segue resultado de pesquisa que mostra que Dilma não desponta como herdeira de votos do petista nas classes mais baixas
Catia Seabra
Da Reportagem Local
Disposto a conquistar fatia do eleitorado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o governador de São Paulo e pré-candidato à Presidência, José Serra (PSDB), investe, ostensivamente, no discurso de que tem origem humilde e dedica sua administração à "população assalariada".
Antes diluído nas declarações de Serra, o argumento ganhou força na semana passada, quando enalteceu sua devoção ao trabalhador em três solenidades na capital paulista.No sábado, durante a inauguração da estação Sacomã do Metrô, na região sul da cidade, Serra frisou que a obra "serve à população assalariada, à população trabalhadora".
""Conseguimos expandir, mais ainda, o investimento. É o investimento que serve à população trabalhadora, o investimento na área de transportes urbanos", discursou Serra, minutos depois de o secretário de Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella, comparar a origem do tucano à de Lula.
A estratégia nasce da constatação de que a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, ainda não desponta como herdeira dos votos de Lula nas camadas mais populares do eleitorado.
Segundo o último Datafolha, Serra conta com 35% das intenções de voto entre os eleitores com renda familiar mensal de até dois salários mínimos. Dilma tem 23% nessa faixa.A vantagem de Serra (37%) sobre Dilma (23%) é de 14 pontos na faixa do eleitorado de dois a cinco salários mínimos.
Essa será a primeira vez em 21 anos que Lula estará fora da disputa pela Presidência da República. E, segundo o Datafolha, 14% dos eleitores com renda mensal de até dois salários mínimos estão indecisos.
O discurso também é um antídoto. Ao repisar sua criação em vila operária, Serra tenta se imunizar da associação à classe alta, imagem que já aderiu ao PSDB. Além disso, dizem tucanos, Serra não é visto pelo eleitorado como filho de feirante.
Origem
Na quarta-feira passada, durante inauguração de uma escola técnica na zona leste, Serra falou de sua infância na Mooca e descreveu sua origem como "das classes mais pobres da população". Em discurso, o governador disse que, na infância, sua aspiração "era fazer o Senai [Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial]".
"Isso mostra a importância que tinha na cabeça da juventude ligada aos setores mais pobres da população, daí vem minha família, com o ensino técnico, ter uma profissão."
No dia seguinte, ao anunciar a ampliação do Banco do Povo -que faz empréstimos de R$ 200 a R$ 7.500, a 0,7% ao mês-, Serra disse que "as pessoas humildes, trabalhadores, são melhor pagadores".
"Pobre paga dívida com mais pontualidade que rico", discursou Serra, que, em entrevista, perguntou qual é o sinônimo popular para "inadimplência".
Sábado, Serra citou obras na favela de Heliópolis e encerrou o discurso afirmando que o sentido da vida pública é mudar "o país, integrando a população toda no progresso".
"Nunca mais teremos no Brasil progresso excludente."
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