DEU EM O GLOBO
Presidente reage a farpas de ministros no caso da Ficha Limpa e diz que só vai preencher vaga na Corte após eleições
Gerson Camarotti
BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva mandou ontem recados ao Supremo Tribunal Federal (STF) de que não vai mudar de opinião e que não vai agir sob pressão. Ou seja, só depois das eleições presidenciais ele vai nomear um novo ministro para o lugar de Eros Graus, que se aposentou em agosto, ao completar 70 anos.
Segundo assessores, Lula mostrou não ter gostado das cobranças públicas feitas por ministros do Supremo na madrugada de ontem, durante a votação do recurso sobre a validade da Lei Ficha Limpa apresentado pelo ex-governador Joaquim Roriz (PSC-DF). De acordo com relatos, Lula não gostou, principalmente, do comportamento do presidente do STF, ministro Cezar Peluso. Isso porque, para o Planalto, Peluso teria tentado transferir para Lula o desgaste político e a responsabilidade pelo fato de a Suprema Corte não ter superado o impasse e chegado a um veredicto em relação à Lei da Ficha Limpa.
Na sessão, o presidente do STF disse que o tribunal não era responsável pelo cargo vago de ministro e chegou a sugerir que os ministros adiassem a decisão sobre a vigência da Lei da Ficha Limpa até que o novo ministro fosse nomeado. A votação do caso Roriz terminou empatada em 5 x 5, e os ministros não conseguiram encontrar um critério para resolver o racha entre eles. Peluso foi além na sua argumentação, ao defender que, se o novo ministro não fosse nomeado por Lula antes da diplomação dos candidatos eleitos em outubro, o plenário voltasse a se reunir para tratar do caso de Roriz.
Ou seja, o presidente do STF mandava um recado de que Lula tinha que agir logo. Nas palavras de um colaborador direto, o presidente avisou que não vai aceitar um ultimato de Peluso. Na madrugada de ontem, o presidente do STF afirmou que a sociedade sabia que o Supremo estava num impasse e que não era culpa do tribunal.
Caso Dilma vença, Lula vai escolher com ela 11º ministro
Além disso, Lula ficou contrariado pelo fato de Peluso ter sido informado antecipadamente de que ele pretendia deixar para depois da eleição a escolha do novo integrante do Supremo. Caso a presidenciável petista, Dilma Rousseff, seja eleita, Lula gostaria de decidir em conjunto com ela o nome do ministro do STF.
- O Peluso sabia que o presidente Lula só vai nomear depois da eleição o novo ministro. Por isso, ele não podia ter falado isso durante a votação da Lei Ficha Limpa - criticou ontem um interlocutor do presidente Lula.
Um auxiliar direto de Lula manifestou surpresa com o comportamento de Peluso, principalmente pelo fato de sua nomeação ter sido a primeira feita pelo presidente. Na ocasião, havia muita pressão de setores do governo pela indicação de outros nomes. Mas Lula optou por aceitar a indicação feita pelo então ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos.
Já as declarações do ministro Marco Aurélio Mello foram minimizadas no Palácio do Planalto. Com o impasse da votação no Supremo, Mello sugeriu, em tom de ironia, "convocar para desempatar o responsável por termos até esta hora essa cadeira vazia", referindo-se a Lula.
- Já estamos acostumados com Marco Aurélio Mello - desconversou um auxiliar do presidente.
Presidente reage a farpas de ministros no caso da Ficha Limpa e diz que só vai preencher vaga na Corte após eleições
Gerson Camarotti
BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva mandou ontem recados ao Supremo Tribunal Federal (STF) de que não vai mudar de opinião e que não vai agir sob pressão. Ou seja, só depois das eleições presidenciais ele vai nomear um novo ministro para o lugar de Eros Graus, que se aposentou em agosto, ao completar 70 anos.
Segundo assessores, Lula mostrou não ter gostado das cobranças públicas feitas por ministros do Supremo na madrugada de ontem, durante a votação do recurso sobre a validade da Lei Ficha Limpa apresentado pelo ex-governador Joaquim Roriz (PSC-DF). De acordo com relatos, Lula não gostou, principalmente, do comportamento do presidente do STF, ministro Cezar Peluso. Isso porque, para o Planalto, Peluso teria tentado transferir para Lula o desgaste político e a responsabilidade pelo fato de a Suprema Corte não ter superado o impasse e chegado a um veredicto em relação à Lei da Ficha Limpa.
Na sessão, o presidente do STF disse que o tribunal não era responsável pelo cargo vago de ministro e chegou a sugerir que os ministros adiassem a decisão sobre a vigência da Lei da Ficha Limpa até que o novo ministro fosse nomeado. A votação do caso Roriz terminou empatada em 5 x 5, e os ministros não conseguiram encontrar um critério para resolver o racha entre eles. Peluso foi além na sua argumentação, ao defender que, se o novo ministro não fosse nomeado por Lula antes da diplomação dos candidatos eleitos em outubro, o plenário voltasse a se reunir para tratar do caso de Roriz.
Ou seja, o presidente do STF mandava um recado de que Lula tinha que agir logo. Nas palavras de um colaborador direto, o presidente avisou que não vai aceitar um ultimato de Peluso. Na madrugada de ontem, o presidente do STF afirmou que a sociedade sabia que o Supremo estava num impasse e que não era culpa do tribunal.
Caso Dilma vença, Lula vai escolher com ela 11º ministro
Além disso, Lula ficou contrariado pelo fato de Peluso ter sido informado antecipadamente de que ele pretendia deixar para depois da eleição a escolha do novo integrante do Supremo. Caso a presidenciável petista, Dilma Rousseff, seja eleita, Lula gostaria de decidir em conjunto com ela o nome do ministro do STF.
- O Peluso sabia que o presidente Lula só vai nomear depois da eleição o novo ministro. Por isso, ele não podia ter falado isso durante a votação da Lei Ficha Limpa - criticou ontem um interlocutor do presidente Lula.
Um auxiliar direto de Lula manifestou surpresa com o comportamento de Peluso, principalmente pelo fato de sua nomeação ter sido a primeira feita pelo presidente. Na ocasião, havia muita pressão de setores do governo pela indicação de outros nomes. Mas Lula optou por aceitar a indicação feita pelo então ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos.
Já as declarações do ministro Marco Aurélio Mello foram minimizadas no Palácio do Planalto. Com o impasse da votação no Supremo, Mello sugeriu, em tom de ironia, "convocar para desempatar o responsável por termos até esta hora essa cadeira vazia", referindo-se a Lula.
- Já estamos acostumados com Marco Aurélio Mello - desconversou um auxiliar do presidente.
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