Varejo sugere pacto para conter a inflação
Representantes dos supermercados querem discutir a proposta com a indústria e com o governo para evitar aumento exagerado dos preços
Renée Pereira
O setor de supermercados vai discutir com a indústria e com o governo um pacto contra a inflação. Segundo o presidente da Associação Paulista de Supermercados (Apas), João Galassi, a proposta será discutida no próximo encontro do setor, no início de maio. "Vamos nos mobilizar a partir do evento para que possamos trabalhar numa forma positiva de redução das perspectivas de inflação."
De acordo com o executivo, que participou do Fórum de Empresários em Comandatuba, essa medida é importante para brecar a perda de poder aquisitivo da população, especialmente das classes mais baixas, que têm sido responsáveis por uma fatia significativa do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
Diante desse cenário, diz Galassi, o setor começou a se questionar de que forma poderia contribuir para conter a evolução dos preços. "Em muitos momentos conseguimos fazer isso", afirmou.
Galassi diz que o esforço para conter a inflação vai se dar por meio de negociações com fornecedores. De um lado haverá um esforço do setor. Do outro, da indústria. Terá de ser um trabalho conjunto, incluindo o governo federal. Só assim será possível colocar um freio na inflação, diz ele. "A inflação é um risco muito grande para todos nós. Temos de tentar de alguma forma conter ou influenciar a sociedade", opinou.
Nesta semana, o mercado financeiro elevou pela sexta vez seguida a projeção de alta para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2011, que passou de 6,26% para 6,29%, de acordo com a pesquisa Focus, divulgada pelo Banco Central. Para 2012, a previsão foi mantida em 5%.
Para o presidente da Apas, uma medida desse tipo tem poder não só dentro do setor, como em outros segmentos, provocando um efeito em cadeia.
"Propomos fazer a nossa parte. Vamos negociar, vamos nos esforçar e encontrar formas de redução de custos internos de todo o negócio."
Preocupação. A preocupação com os índices de preços também foi demonstrada pelo vice-presidente da República, Michel Temer. Para ele, um dos principais problemas que o País tem vivido é que as pessoas começam a aumentar o preço não pelo que está ocorrendo hoje, mas por causa da expectativa do segundo semestre. E isso acaba provocando um círculo vicioso.
Temer destacou que o governo espera que a taxa básica de juros (Selic) atinja 9,5% ou 10% ao ano apenas em 2013 - nesta semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou em 0,25 ponto porcentual a taxa Selic, para 12% ao ano. Ele também comentou que a expectativa é que o PIB avance 5% em 2012 e 5,5% em 2013.
Já no setor de supermercados, a previsão de crescimento é maior. Galassi calcula que as empresas do setor mantenham o desempenho positivo dos últimos anos e avance 8% em 2011. Baseado no faturamento do ano passado, ele estima que o volume de investimento atinja a cifra de R$ 10 bilhões até dezembro. Esse dinheiro será aplicado em novas unidades e modernização.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
Nenhum comentário:
Postar um comentário