Reação do chanceler Antonio Patriota à morte de Bin Laden: "Acho que é um desenvolvimento que não deixa de ter uma dimensão interessante e positiva, no momento em que o mundo árabe se manifesta, do Marrocos ao Golfo, por mais liberdade de expressão, por mais democracia e melhores oportunidades".
Ótimo. E o que isso significa? Absolutamente nada, a não ser que Patriota, Dilma e o governo brasileiro inteiro não têm nada a dizer sobre uma ação militar dos EUA no Paquistão para matar Bin Laden.
Quando foi da Colômbia no Equador e o alvo era um terrorista das Farc, o Brasil fez, aconteceu, articulou uma condenação praticamente unânime da OEA contra o governo colombiano. Agora, não tem sequer o que declarar.
A diferença de reações pode ser pelas circunstâncias e pela questão geográfica: os EUA já estavam no país, e o Paquistão e a Al Qaeda ficam do outro lado do mundo, enquanto o Equador e as Farc ficam aqui nas nossas barbas. Ou pode ser questão de estilo: Colômbia-Equador foi na era Lula-Amorim, EUA-Bin Laden, na Dilma-Patriota.
Mesmo em "off" (quando autoridades não querem seus nomes publicados), as frases foram curiosas. Um condenou o terrorismo, outro lamentou as mortes nas torres gêmeas e nada mais disseram.
Quem foi um pouco além disse que o Brasil condena o terrorismo, se solidariza com as famílias do 11 de Setembro e compreende o grande alívio com o fim de Bin Laden, mas não concorda com o método. Tentar conter o terrorismo pela força tende a ter efeito bumerangue: uma sensação momentânea de segurança e um recrudescimento de dimensões imprevisíveis.
A questão é como a operação norte-americana vai ser assimilada no peculiar mundo árabe: como um ataque só a Bin Laden ou uma demonstração de força para o islã? Disso dependem e realização, a força e a dinâmica da contraofensiva.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
Nenhum comentário:
Postar um comentário