quarta-feira, 27 de julho de 2011

PMDB diz que não teme faxina em suas áreas

Temer chegou a redigir nota dizendo que cargos do partido no governo podem ser fiscalizados, mas desistiu

Adriana Vasconcelos e Gerson Camarotti

BRASÍLIA. Desconfortável com as insinuações de que seus representantes no governo seriam os próximos alvos da faxina posta em prática pela presidente Dilma Rousseff no Ministério dos Transportes, mas que foram poupados por causa da governabilidade, a cúpula do PMDB decidiu reagir. O vice-presidente Michel Temer chegou a redigir uma nota solicitando que os órgãos de controle do Executivo cumprissem seu dever e fiscalizassem todos os peemedebistas com cargos no governo. Seria uma ação preventiva, mas, ao mesmo tempo, poderia soar como uma confrontação.

Por isso, antes de divulgar a nota, Temer recuou da ideia. Mas as conversas entre os peemedebistas prosseguiram ao longo do dia, assim como o clima de insatisfação.

- É um absurdo passar essa versão de que só não somos investigados por causa da governabilidade. Não existe essa reserva. As instituições estão aí para fiscalizar todos: do PT ao PR, passando pelo PMDB. Ninguém pediu para não ser fiscalizado. Os ministérios do PMDB sempre estiveram abertos para os órgãos de fiscalização - disse o presidente interino do partido, senador Valdir Raupp (PMDB-RO).

Diante desse clima, não está descartada a possibilidade de a Executiva Nacional do PMDB ser convocada nos próximos dias para tratar do assunto. A suspeita entre eles é que estariam partindo de setores do PT as "ameaças veladas" de que o PMDB seria o próximo alvo da faxina na Esplanada. A direção partidária quer deixar claro que o partido não teme qualquer investigação.

Pelo contrário, dizem os dirigentes, o partido está disposto a apoiar toda ação moralizadora do governo, mas não aceita ser colocado sob suspeição sem que nada de irregular tenha sido detectado nas áreas sob sua gestão. Numa das reuniões de ontem para discutir o assunto, um peemedebista afirmou:

- Esse jogo de dizer que seremos o próximo alvo da faxina está desagradando a todos no PMDB. Se há algum problema, que se aponte.

A recomendação dada ontem por Temer aos ministros do PMDB é que todos deixem claro que não querem tratamento diferenciado por parte dos órgãos de fiscalização.

- Aceitamos todas as ações republicanas. Não há problema nenhum que haja investigação - disse o ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Moreira Franco, após dividir com a presidente Dilma Rousseff o comando da reunião do chamado Conselhão.

Mudanças em outras pastas só com denúncias concretas

No final do dia, o próprio Temer trabalhava para acalmar os ânimos no partido. E um ministro próximo da presidente confirmou o que já havia sido dito ao PMDB: a estratégia é aprofundar a faxina no Ministério dos Transporte; em relação aos demais ministérios, a ordem é só mexer se surgirem denúncias concretas.

Há o reconhecimento no Planalto de que, se a presidente repetir nas demais pastas políticas o mesmo padrão da faxina nos Transportes, ocorrerá um forte desgaste junto aos partidos aliados, o que afetaria a governabilidade.

- Não dá para comprar uma briga com todo mundo ao mesmo tempo. Mas se tiver novas denúncias envolvendo ministérios de partidos aliados, a presidente Dilma será firme - disse esse ministro.

FONTE: O GLOBO

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