Há uma equação a ser resolvida no mundinho da política em Brasília: quanto será a disposição e quanta energia terá a presidente Dilma Rousseff para continuar sua limpeza "sem limites" na Esplanada dos Ministérios?
Sobre a disposição para ampliar a faxina, o governo atuará mais por reação do que por iniciativa própria. Como sempre. Ainda assim, o estrago causado no esquema instalado no setor de transportes já provocou interesses contrariados em profusão. E aí cabe a pergunta: até quando Dilma surfará na imagem de ética na política sem levar um troco do Congresso?
Não há resposta precisa para essa dúvida. Mas o estado da economia e a sensação de bem-estar da população emitem alguns sinais.
Embora o país esteja sucateando sua indústria de manufaturados, o clima geral não poderia ser mais positivo para o Palácio do Planalto. Como a própria Dilma tem repetido em suas conversas, o Brasil já incluiu na classe média "uma Argentina" em número de pessoas. Agora, derramando dinheiro público, resgatará "um Chile" de brasileiros da pobreza extrema.
A classe média mais estabelecida, um reduto eleitoral cobiçado pelos políticos, não tem do que reclamar. Ontem saiu um dado.
No primeiro semestre deste ano, os turistas brasileiros no exterior torraram US$ 10,2 bilhões. Uma alta de 44,4% sobre 2010.
Quem fez viagem internacional nos últimos tempos conhece o tamanho da farra. Não há cidade média em países desenvolvidos sem brasileiros comprando freneticamente iPads, iPods ou outras bugigangas. O governo tentará sustentar essa miragem de prosperidade pelo menos até 2014, ano eleitoral. A sincronia da economia com as urnas é uma tradição histórica.
Tudo considerado, Dilma tem combustível para queimar. Exceto se o fim do mundo vier por causa do derretimento dos EUA e das finanças internacionais.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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