Gilberto Carvalho desceu do palanque ao final do desfile de Sete de Setembro, foi em casa, trocou de roupa e decidiu conferir de perto aquela "novidade" que passava ali bem perto: a Marcha contra a Corrupção.
Antes, informado por assessores, avisou a presidente Dilma que a manifestação, encoberta por um tapume que dividia a Esplanada dos Ministérios em duas alas, reunia mais gente do que o previsto.
"Dava para ver apenas as bandeiras e faixas, mas era possível ter a dimensão de que algo positivo e de impacto acontecia ali", diz o ministro responsável pelo diálogo com os movimentos sociais.
A previsão do governo era que não mais do que mil pessoas estariam na marcha. "Mas foi brotando gente de tudo que é lado e foram mais de 12 mil manifestantes."
Ao final, Gilberto Carvalho voltou a falar com a presidente. Relatou o que viu, destacou uma faixa com os dizeres "Limpa, Dilma, Limpa", e ouviu da chefe que aquilo era "bom e positivo" para o país.
Para ele, não há por que temer esse tipo de ato. Acredita que pode até ajudar a presidente ao criar um bom tensionamento dentro do governo e obrigar "todo mundo a ser muito mais cuidadoso" com o patrimônio público.
Apesar de ser ainda cedo para dizer onde tudo isso vai dar, alerta que pode estar surgindo um novo tipo de movimento social, que não se enquadra no figurino da velha política, com o qual o governo precisa aprender e dialogar.
Visão não compartilhada por gente graúda do Congresso, que fez questão de "alertar" a presidente para os riscos de uma marcha despolitizada, que prega até o fechamento do Legislativo. Dilma não concordou, mas a velha raposa disse que assim começou a ditadura.
Reação típica de quem teme pela própria pele, afinal não há campo fértil para a proliferação de movimentos radicais no país. A não ser que os donos da velha política sigam dando motivos para tal.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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