domingo, 11 de setembro de 2011

Reforma política continua longe de se concretizar

Líderes descartam votação de qualquer mudança este ano

Isabel Braga

BRASÍLIA. O novo governo propagou a ideia e os parlamentares chegaram para a posse dos seus mandatos, em fevereiro, reafirmando promessas de enfrentar o debate da reforma política, mas caminha para o fracasso mais uma tentativa de serem aprovadas no Congresso Nacional mudanças no sistema político-eleitoral brasileiro. No Senado, alguns projetos foram aprovados em comissões, mas, dificilmente, serão votados em plenário até o fim do ano. Na Câmara, a comissão especial discute propostas alternativas de mudança no sistema de eleição dos deputados e vereadores, com votação marcada para 21 de setembro. Mas os próprios líderes descartam a votação em plenário de qualquer reforma política ainda este ano.

- Está longe o entendimento, a reforma só vai amadurecer em plenário, mas temos que cumprir a etapa da comissão para votarmos em 2012 - afirmou o líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN). - Só vai valer (se aprovada) para 2014.

O líder tucano, Duarte Nogueira (SP), também reconhece as dificuldades:

- Cada um dos 513 deputados tem a reforma política dos sonhos. É muito difícil aprovar, mas o PSDB vai insistir.

"Ninguém quer mudar porque teme ser prejudicado"

Especialistas afirmam que o principal obstáculo para a votação da reforma é o fato de ela afetar os interesses dos que estão hoje no sistema político. E, como os temas em debate - o voto em lista ou mesmo um sistema híbrido, como propõe o relator na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS), e o financiamento público das campanhas eleitorais - são de difícil compreensão, a pressão da sociedade não se materializa.

- A reforma política sempre esbarra no fato de que ninguém quer mudar porque teme ser prejudicado - afirma o cientista político Murillo de Aragão, presidente da Arko Advice.

Deputados avaliam que a proposta alternativa de reforma, de Fontana, enfrentará grande resistência. A proposta do sistema político-eleitoral híbrido para a eleição de deputados e vereadores não conquistou apoio de PMDB, PSDB e DEM.

Ao defender o fim das coligações partidárias nas eleições proporcionais, o petista comprou briga com os partidos menores de esquerda. E as legendas que sempre se posicionaram contra a reforma política (PTB, PR e parte do PP) também não devem apoiar o texto.

O líder do DEM na Câmara, ACM Neto (BA), dá a receita para vencer a barreira e aprovar a reforma política na Casa:

- A única maneira de aprovar uma reforma política é postergando a validade dela para daqui a duas, três eleições, afastando os casuísmos e permitindo a aculturação da sociedade com o novo sistema.

FONTE: O GLOBO

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