O jornalista e consultor em mídias digitais Caio Tulio Costa diz que as manifestações contra a corrupção demonstram a força das redes sociais. O desafio é fazer esse movimento crescer.
Silvia Amorim
As manifestações contra a corrupção foram um grande teste para as redes sociais?
CAIO TÚLIO COSTA: O Brasil já passou por alguns testes em relação ao poder de mobilização da internet ou da nova mídia. O primeiro, de maneira espontânea, foi em 2006, quando os paulistanos atenderam a um toque de recolher que nunca existiu oficialmente por conta da onda de ataques na cidade. Então, que a internet tem esse poder de mobilização é inegável. Naquela época, a organização se deu muito pelo e-mail, messenger e SMS. Agora foi diferente. A mobilização foi basicamente pelo Facebook e Twitter. Foi um grande teste, mas não significa que a gente esteja fazendo um movimento fantástico contra a corrupção. Estamos ainda longe disso.
O que falta?
COSTA: O que vimos foi um movimento extrapartidário, extramídia, é um movimento espontâneo e sem coordenação. Temos que ver agora se ele vai conseguir crescer, seja na forma espontânea como na adesão de instituições. Se isso vai virar um grande movimento de massa e como ele será capitalizado politicamente não temos condições de avaliar hoje.
Um tema genérico como a corrupção dificulta a mobilização?
COSTA: Sim. Quanto mais aberto o tema, mais dificulta. Ao mesmo tempo uma parte dos brasileiros saíram às ruas hoje com um tema geral. Evidente que, quanto mais precisa é a causa mais fácil é a mobilização, segundo as teorias tradicionais da mobilização de massas.
Ainda há uma parte do Brasil sem acesso à internet. Isso pode dificultar o crescimento das redes sociais como esse instrumento de mobilização?
COSTA: A internet no Brasil está crescendo muito. Já temos mais de 80 milhões de brasileiros conectados. Isso é quase metade da população, o que é pouco comparado aos Estados Unidos e a outros países desenvolvidos. Nesse sentido, a resposta é sim. Pode ser um entrave. Mas, ao mesmo tempo, há um projeto de levar a banda larga para todas as cidades e, se o governo Dilma, levar isso a ferro e fogo, nós podemos crescer exponencialmente essa penetração.
FONTE: O GLOBO
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