quarta-feira, 7 de março de 2012

O risco real para Dilma :: Fernando Rodrigues

A pseudorrebelião de deputados e senadores contra o Planalto não tem a menor relevância se comparada ao risco maior que a presidente Dilma Rousseff enfrentará se a economia desandar.

Desde a volta do Brasil à democracia, os presidentes só ficaram encrencados de verdade quando os cidadãos passaram a sentir no bolso algum sinal de crise. Fernando Collor foi empurrado para valer ladeira abaixo após sua administração ter produzido uma recessão feia. Lula se salvou do mensalão ao ser resgatado pelo forte crescimento da economia após o ano do escândalo (4% em 2006 e 6,1% em 2007).

A alta pífia de 2,7% PIB, anunciada ontem, é um sinal amarelo para Dilma Rousseff. Por essa razão, sua equipe econômica vasculha na caixa de ferramentas soluções possíveis para materializar taxas mais robustas de crescimento.

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, reagiu com seu mantra: o país começa 2012 crescendo pouco, mas terminará acelerando e com a inflação baixa. Esse é o sonho de consumo do governo. Se será uma realidade é outra história.

Na hipótese de o cenário tombiniano acontecer, as ameaças de motim enfrentadas por Dilma no Congresso serão apenas novas batalhas de Itararé. A popularidade da presidente continua nas alturas.

Dilma também tem a seu favor o fato de que o Brasil não ficará paralisado se nada for votado no Congresso. O país sobreviverá a mais um ano sem o fundo de pensão para funcionários públicos federais e o novo Código Florestal -embora estes sejam projetos necessários.

A combinação explosiva apenas ocorrerá numa eventual intersecção da economia desaquecida com políticos do baixo clero exigindo mais cargos e verbas. Caso não se confirme o roteiro edulcorado visto pelo BC, aí a crise é certa. É possível prever um desfecho? Só com os número do PIB no final de 2012.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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