Foco do governo é estimular o mercado de trabalho do país
Vivian Oswald e Martha Beck
BRASÍLIA. Para o economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas Gomes, o país já estaria operando em uma rotação mais lenta, pelo fato de o mercado consumidor não ter a mesma capacidade de endividamento. O comprometimento das famílias brasileiras com dívidas contraídas a partir de 2010 e o aumento da inadimplência, segundo ele, impedem que as pessoas tomem novos recursos.
- Daí a importância das medidas. Foi um pacote para o emprego. Um mercado de trabalho aquecido dará ao trabalhador a renda para pagar as suas dívidas e fazer as novas com as quais o governo conta para estimular a economia daqui para frente - avalia Freitas Gomes, ex-diretor do Banco Central (BC).
Por esta razão o foco da equipe econômica agora, como salientou a própria presidente, é atacar a grande diferença entre os juros básicos da economia e aqueles cobrados pelas instituições financeiras do consumidor final - o chamado spread bancário. O governo espera, com a ajuda dos bancos oficiais, forçar as instituições privadas a baixar os seus também. Assim, pretende amarrar a queda recente da Selic com as medidas da semana passada e azeitar a economia.
Com as taxas de inadimplência em níveis elevados, os bancos privados vinham emprestando menos. Nos últimos meses, perderam 1,2 ponto percentual na sua fatia de empréstimos totais, espaço que foi ocupado pelos bancos oficiais, que hoje representam 43,6% do total.
As exportações tampouco devem responder depressa aos estímulos anunciados até agora e continuam sendo uma grande preocupação do governo. A resposta aos financiamentos está condicionada às encomendas recebidas pelos setores. Diante do crescimento menor do que o esperado para a China este ano e a crise na zona do euro, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior trabalha com um resultado para balança muito pior do que o de 2011, ainda que os números dos primeiros três meses reflitam os bons preços das commodities.
Esta seria a razão para não ter divulgado até agora suas projeções para o comércio exterior este ano, segundo fontes do governo. Já se fala em queda de 30% das vendas para a China, hoje maior comprador do país e responsável por 15% das vendas brasileiras no primeiro trimestre.
Segundo o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, as novas medidas são um conjunto de "paliativos":
- A desoneração da folha ajuda, mas representa queda de 1,5% sobre o faturamento. Ainda está longe de compensar a defasagem de 20% do câmbio.
FONTE: O GLOBO
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