domingo, 8 de abril de 2012

Dilma vai negociar com Obama abertura do mercado americano

Restrições a entrada de suco de laranja e compra de aviões estão na pauta

Eliane Oliveira

BRASÍLIA. A presidente Dilma Rousseff embarca hoje para Washington tendo em mãos uma agenda ofensiva na área comercial. No encontro que terá amanhã com o presidente Barack Obama, Dilma falará de oportunidades de negócios e parceria, mas não deixará de tocar em temas delicados e caros para a balança comercial brasileira. A lista de demandas é variada e envolve, por exemplo, o fim de barreiras ao suco de laranja brasileiro, já condenadas pela Organização Mundial do Comércio (OMC) em uma ação do Brasil contra os Estados Unidos no organismo.

- Há vários pontos específicos dessa pauta bilateral, que passam por carnes, suco de laranja, avião, enfim, há um conjunto de produtos em que nós vislumbramos maior potencial de acesso - disse ao GLOBO a secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Tatiana Prazeres.

Crise e G-20 terão destaque nas conversas

Sobre o suco de laranja, Tatiana lembrou que o governo americano nada fez até o momento para ajustar sua legislação de acordo com as normas da OMC.

- Os EUA precisam se manifestar. Se não houver o cumprimento, o Brasil tomará as medidas que julgar necessárias. Seremos firmes na cobrança e na implementação de nossa vitória na OMC - afirmou a secretária.

A expectativa é que Dilma também aborde temas que não estão resolvidos, como a venda de aviões da Embraer para a Força Aérea Americana, cancelada há cerca de um mês após um processo de licitação, e as restrições às vendas de frutas ao mercado americano.

Segundo o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Tovar Nunes, estão previstos acordos nas áreas comercial e de cooperação.

A crise econômica internacional e a coordenação Brasil-EUA no G-20 financeiro (grupo formado pelas 20 maiores economias do mundo) terão destaque na conversa entre os presidentes.

As perspectivas em termos de comércio são as melhores possíveis, na avaliação do governo brasileiro. Com a dinamização da economia americana, que já rendeu ao Brasil uma queda expressiva no seu déficit comercial com aquele país, de US$ 2,32 bilhões no primeiro trimestre de 2011 para US$ 770 milhões nos três primeiros meses deste ano, o mercado americano voltou a ser a vedete mundial. Assim, paralelamente ao encontro entre Dilma e Obama, haverá uma reunião entre dirigentes das maiores empresas dos dois países para o fechamento de negócios e novos investimentos.

- Os Estados Unidos são importantes para o Brasil. As exportações brasileiras para aquele mercado cresceram quase 40% no trimestre. A lista de produtos vai de petróleo a manufaturados - ressaltou Tatiana.

Mesmo mencionando algumas pendências comerciais, em meio a um leque de assuntos - que incluem Irã, Síria, direitos humanos, a reforma das Nações Unidas e a crise financeira internacional -, a presidente Dilma dará o primeiro passo para que esses temas voltem a ser tratados em Brasília, depois de sua visita aos Estados Unidos. No próximo dia 16, está prevista a chegada ao país da secretária de Estado americana, Hillary Clinton, que terá uma série de reuniões com o ministro brasileiro das Relações Exteriores, Antonio Patriota.

Na visão do governo brasileiro, a reunião entre Dilma e Obama, que ocorrerá pouco mais de um ano depois da visita do presidente americano ao Brasil, é prenúncio de uma parceria importante, que poderá ajudar o país a ganhar mais espaço na agenda internacional. Mesmo porque, a própria Casa Branca já sugeriu que Brasil e Estados Unidos se unam para manter seus mercados e recuperar o que foi perdido durante o avanço econômico e político dos chineses.

Após o encontro, na segunda-feira, com o presidente Barack Obama e, em seguida, com empresários dos dois países, Dilma segue para Boston, na manhã de terça-feira, para se reunir com as duas mulheres que presidem a Universidade de Harvard e o Massachusetts Institute of Technology (MIT). Entre os objetivos, está o de intensificar o intercâmbio Brasil-Estados Unidos por meio de bolsas de estudo.

FONTE: O GLOBO

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