Candidato à reeleição, o prefeito Eduardo Paes, que é vascaíno, abriu as portas do Palácio da Cidade para apresentar a nova contratação do Botafogo, o holandês Seedorf. Para a Procuradoria da República, houve abuso de poder e uso da máquina.
Com Seedorf, Paes fica na marca do pênalti
Procurador eleitoral afirma que prefeito cometeu abuso de poder político ao apresentar jogador no Palácio da Cidade
Renato Onofre, Marcos Penido
Candidato à reeleição, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), cedeu o Palácio da Cidade, sede social da prefeitura, para a apresentação do jogador holandês Clarence Seedorf, contratado pelo Botafogo. Paes, vascaíno, posou para fotos ao lado de Seedorf e ainda pediu ao meia que não fizesse gols contra seu time de coração.
Para o procurador regional eleitoral, Maurício da Rocha Ribeiro, houve abuso de poder político e uso da máquina administrativa em benefício próprio. É a segunda vez em apenas três dias de campanha que Paes fica na marca do pênalti da Procuradoria Regional da República. Na última sexta-feira, primeiro dia oficial de campanha, Paes participou de três inaugurações com a presidente Dilma Rousseff (PT) e do governador Sérgio Cabral (PMDB), apesar da recomendação contrária da Procuradoria.
Ontem, ao lado do presidente do clube alvinegro, Maurício Assumpção, filiado ao PMDB, Paes recebeu o craque holandês na porta do palácio. Com calma os três posaram para fotos. Em seguida, Paes levou Seedorf para conhecer o palácio na companhia de integrantes da diretoria do Botafogo e alguns assessores. Pouco depois, o prefeito apareceu junto com o jogador na sacada do palácio, onde posaram com a camisa número 10 que será usada pelo craque holandês.
O procurador Maurício da Rocha Ribeiro pediu ao Ministério Público Eleitoral que investigue o evento.
- Mais uma vez o prefeito se coloca em uma situação nebulosa onde os interesses públicos e pessoais se misturam. Não há justificativa para que ele abra as portas de um prédio público para um evento promocional de um clube. Ceder ou utilizar imóveis públicos para a promoção pessoal de qualquer candidato é proibido. Mesmo que esta promoção seja de maneira indireta - afirmou o procurador.
Mais uma vez, como no evento com Dilma, Paes não tocou em eleição. Entregou uma camisa ao holandês e conversou com ele sobre sua vinda para o Rio. Interrompeu a entrevista e brincou:
- Seedorf, eu tenho que falar uma coisa. Quando jogar contra o Vasco não faz gol não.
É a primeira vez em que um jogador de futebol é apresentado no Palácio da Cidade. Diante do questionamento dos jornalistas, Assumpção fez questão de intervir e explicar a razão de a entrevista ter sido marcada no local:
- Quem pediu para fazer a entrevista coletiva aqui foi o presidente do Botafogo, por um motivo simples. Quem conhece a história do clube sabe que ele nasceu aqui do lado. É um marco. Achamos que a contratação do Seedorf mexeu não só com o torcedor alvinegro mas com todos os do Rio. Por isso, nosso pedido e a escolha do local.
- Mal começou a campanha e Paes tem abusado de sua condição prefeito-candidato. Pelo visto, (ele) vai dar muito trabalho à Justiça Eleitoral - completou o procurador.
O MP informou que só vai se manifestar sobre o assunto assim que receber a notificação da Procuradoria. O TRE informou que, pela legislação eleitoral, é vedada a utilização de imóveis públicos para a promoção de candidaturas, mas que só poderá fazer qualquer avaliação assim que for notificado pelo MP.
Em nota, Paes informou que o jogador foi recebido com a mesma cordialidade com que já foram recebidas outras personalidades internacionais. E que depois que deu boas-vindas ao jogador se ausentou da coletiva. E ignorou as críticas do procurador eleitoral.
FONTE: O GLOBO
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