Talvez o maior desafio da agenda mundial no início do século XXI é combinar o crescimento econômico, a geração de empregos e o combate à pobreza com a sustentabilidade ambiental. Os sinais de esgotamento do atual padrão de consumo e desenvolvimento são claros. Aquecimento global, extinção de espécies, alterações oceânicas, esgotamento de solos. Claro que o avanço científico e tecnológico fantástico de nosso tempo pode dar conta de tais problemas. Mas a realidade exige urgência.
Foi nesse contexto que se deu a Rio+20. Há enorme polêmica sobre o peso e significado do evento. A presença significativa de chefes de Estado foi importante, embora os países do G-7 tenham, em sua maioria, se omitido. Só o presidente francês participou.
A mobilização da sociedade civil mundial foi intensa. Milhares de eventos paralelos à conferência das Nações Unidas garantiram um debate rico e plural, que, certamente, ajudará no fortalecimento da consciência e organização da visão de desenvolvimento sustentável.
Vários atores relevantes assumiram compromissos voluntários com o futuro do planeta. Sem valor normativo ou compulsório, mas, sem dúvida, com significado simbólico e político. As grandes cidades mundo afora, dentre as quais se destacou o papel de Belo Horizonte e do prefeito Marcio Lacerda, assinaram um pacto pela redução da emissão de carbono. Várias grandes empresas mundiais anunciaram compromissos voluntários e unilaterais.
A questão essencial, que é alvo de crítica dos mais pessimistas, é a fragilidade do documento final da reunião de cúpula. Não há metas claras, objetivos específicos, obrigações acordadas.
Confesso que sempre tive dificuldades em lidar com as negociações diplomáticas. Os diplomatas têm um ritmo diferente, um estilo próprio e uma paciência histórica infindável. Conseguem ver avanços numa vírgula, numa troca de adjetivo ou na inclusão de um substantivo nos textos dos acordos internacionais. Enxergam sempre a longo prazo e acreditam que as mudanças virão daqui a 20, 30 anos. O problema é que o horizonte das novas gerações está efetivamente ameaçado. A vida pede socorro.
A agenda ambiental não era central no curso do século XX, nem no mundo capitalista nem no campo socialista. A pauta predominante girava em torno do desafio da industrialização e da Guerra Fria. A partir de 1968, movimentos alternativos, como o de maio em Paris ou dos hippies em Woodstock, começaram a levantar a oposição cultural ao consumismo e ao estilo de vida contemporâneo. Mas de forma absolutamente marginal.
Em 1972, em Estocolmo, o primeiro marco institucional: a 1ª Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente. Vinte anos depois, ocorreu a Rio-92. A questão ambiental se incorporou definitivamente ao centro das preocupações. Inundou a agenda de governos, das sociedade e das empresas. A Rio+20 é um novo marco: cabe o esforço de todos para que tiremos as boas intenções e os discursos do papel.
Marcus Pestana, deputado (PSDB-MG)
FONTE: JORNAL O TEMPO (MG)
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