terça-feira, 10 de julho de 2012

Plateia da CUT vaia Campos

Raphael Di Cunto

SÃO PAULO - O presidente nacional do PSB, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, foi vaiado ontem à noite na abertura do 11º Congresso da Central Única dos Trabalhadores (CUT), em São Paulo. A central é ligada ao PT, partido que, após anos de aliança, tem entrado em conflito com o PSB em cidades importantes.

Os dois partidos racharam em Recife, Fortaleza e Belo Horizonte, onde estavam do mesmo lado na eleição de 2008. Entre os petistas, a avaliação é que a cisão foi provocada pela intenção de Campos de se descolar do PT para ganhar espaço para se viabilizar como candidato à Presidência ou à vice em 2014. Ele nega.

O pernambucano não compareceu ao congresso, mas enviou mensagem de apoio aos trabalhos da central. A vaia ocorreu quando seu nome foi citado. Já o ex-ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu (PT), réu no processo do mensalão, foi extremamente aplaudido.

Com a saída do atual presidente, o ex-eletricitário Artur Henrique, do comando da CUT, a central terá, pela primeira vez na história, um presidente do setor financeiro, o ex-bancário Vagner Freitas. A antiga função de Freitas, a tesouraria, ficará com o atual secretário-geral, Quintino Severo, cujo cargo será de Sérgio Nobre, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, organização que presidiu a central na maior parte de seus quase 30 anos e na qual o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez sua carreira política.

Freitas recuou ontem de declaração à "Folha de S.Paulo". Não negou que a central protestaria se o julgamento do mensalão for político, mas se disse mal interpretado. "Confio que as instituições brasileiras estão maduras o suficiente para fazer o julgamento técnico", afirmou.

Ao participar do congresso, o presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), disse que não deve haver pressão sobre o julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal. "É lógico que quem sair prejudicado vai usar as armas que tem, por isso é que estou em campanha pelo desarmamento", afirmou.

Prestes a terminar seu segundo mandato à frente da CUT, Artur Henrique vai ajudar o instituto do ex-presidente Lula. Artur Henrique vai trabalhar com organizações sindicais e movimentos sociais das Américas. "Vou levar a experiência que acumulamos no Brasil em quase dez anos de governo democrático e da relação de uma central sindical com este governo", afirmou ao Valor.

Artur Henrique vai coordenar o recém-criado Instituto de Cooperação Internacional da CUT e ficará responsável pela relação da central com os sindicatos do continente americano, mesma tarefa que desempenhará para o Instituto Lula.

FONTE: VALOR ECONÔMICO

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