Governador de Pernambuco diz que não entendeu como recado o discurso da presidente em Serra Talhada
Maria Lima
BRASÍLIA — Em Brasília nesta terça-feira para tentar derrubar a medida provisória (MP) que cria o marco regulatório dos portos, o presidente do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, disse que não entendeu como um recado o discurso da presidente Dilma Rousseff, ontem, em Serra Talhada, onde participou de inaugurações e lançamentos de obras. No palanque, Dilma cobrou parceria e disse que precisava de aliados comprometidos com seu projeto.
Embora tenham mantido o tom da cordialidade, o encontro de Dilma e Campos foi marcado pela troca de farpas. Os dois se reencontraram no palanque pela primeira vez depois que Eduardo Campos começou a articular sua provável candidatura a presidente em 2014.
— A presidente Dilma não é mulher de mandar recados, e nem eu sou homem de receber recados. Ela não é dada a esse tipo de conversa, e nem eu — respondeu Eduardo Campos antes de entrar para a audiência pública.
Para o debate do marco regulatório dos portos, que tira da gestão do governo do estado de Pernambuco dois dos 10 portos listados, inclusive Suape, foram convidados os governadores do Rio Grande do Sul ,Tarso Genro (PT), e da Bahia, Jaques Wagner (PT), além de Campos, o único que compareceu. Para defender a posição do governo, a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffman, participou do debate.
Ao externar a MP dos Portos, Eduardo Campos disse que os estados já têm pouca autonomia na gestão, porque tudo já passa antes pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e Tribunal de Contas da União (TCU). Disse que várias obras contratadas para o Porto de Suape já sofreram impacto negativo e estão paradas só com o inicio do debate do marco regulatório.
— Somos favoráveis ao diálogo, à modernização da concorrência para melhorar os custos. Mas nós podemos fazer tudo isso respeitando o pacto federativo. Porque isso tem que ser feito agredindo a autonomia dos Estados? — protestou Eduardo Campos.
Campos chamou de “capricho” a insistência do governo em tirar mais autonomia dos estados na gestão dos portos para passar para a Antaq.
— Parece um capricho tirar a autonomia dos estados? Por que isso? Não vejo por quê. Muitos portos são geridos pelo governo federal. É só comparar o resultado desses portos com o Porto de Suape, que há 30 anos é gerido pelo governo de Pernambuco. Qual é o melhor porto? — questionou Eduardo Campos.
Na chegada ao debate, o governador de Pernambuco foi festejado por estivadores e portuários. E prometeu visitá-los em breve.
O Globo
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