Volto das férias, circulo pela Esplanada dos Ministérios e encontro um clima de apreensão no ar. O ano começa com uma onda de pessimismo que preocupa a equipe da presidente Dilma Rousseff.
Um assessor presidencial, muito próximo da chefe, diz que esta será a eleição mais difícil para o PT desde que Lula ganhou a Presidência da República pela primeira vez.
Nem 2006, pós-mensalão, aponta ele, foi tão complicado. Há muitas batalhas pela frente. Da Copa, da energia, da violência, mas tudo pode ser superado se a maior de todas, da economia, não jogar contra.
Aí, um outro assessor graúdo da presidente diz que a bola está com o governo. Primeiro, recomenda que não é hora de, a cada notícia boa da inflação, "correr para o alambrado" e ficar comemorando como se a batalha já estivesse superada.
Mesmo porque, depois do número bom de janeiro, a inflação deve voltar a subir em fevereiro, mês de nova decisão sobre taxa de juros.
O momento, diz esse auxiliar, é de mudar, definitivamente, o discurso na economia. Não há mais espaço para declarações que deixem escapar certa tolerância com a inflação.
O fato é que, até pouco tempo, este governo sinalizava estar satisfeito com uma inflação roçando os 6%, sempre apregoando que ela estava abaixo do teto da meta oficial.
Avaliação recorrente que contaminou os agentes econômicos, que passaram a trabalhar como se esse fosse o patamar mínimo de alta dos preços no país. Resultado, uma inflação cada vez mais resistente.
Agora, há um trabalho para unificar o discurso no governo, na linha de que a meta é levar a inflação, sim, para 4,5%. Focar não só a fala neste objetivo, mas principalmente as ações, sem deixar dúvidas no ar.
Enfim, o primeiro teste para checar se a a ficha, de fato, caiu no Planalto será no anúncio do tamanho do ajuste fiscal para ajudar no combate à inflação. O problema é que este governo adora dar tiro no pé.
Fonte: Folha Online
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