• Principais concorrentes de Dilma Rousseff, PSDB e PSB fazem estratégia para responder às polêmicas inserções do PT na televisão. Socialistas querem ser propositivos; Aécio contra-ataca, mas tucanos fazem mistério
Eduardo Miranda – Brasil Econômico
Os partidos de oposição já dão sinais de que preparam uma resposta aos vídeos veiculados pelo PT na noite de ontem e na última terça- feira. Ontem, o senador e presidenciável Aécio Neves usou, em entrevista coletiva, em São Paulo, aproveitou a polêmica do vídeo petista na TV, ao dizer que seu crescimento nas pesquisas de intenção de voto "mostra que o brasileiro está com medo de o PT continuar no governo". "Comesse programa, o PT carimba na sua própria testa um atestado de fracasso.
Após praticamente 12 anos governando o Brasil, o que eles têm a oferecer aos brasileiros é o terrorismo, o medo? É muito pouco. Tenho absoluta convicção de que os brasileiros não estão com medo da volta ao passado, estão com medo de o PT continuar no governo. E as pesquisas mostram isso", afirmou. Mesmo sem ter sido alvo dos petistas, o PSB também criticou a campanha de televisão.
O primeiro- secretário nacional do partido e coordenador da campanha de Eduardo Campos, Carlos Siqueira, disse que a resposta do PSB ao vídeo vai esclarecer para a população que "as coisas não são bem assim". "O que pretendemos mostrar é que, até pela postura do nosso partido, não existe esse maniqueísmo entre o bem e o mal, que esse tipo de argumento tem pernas curtas na democracia. Não vamos dramatizar, como eles fizeram.
Vamos discutir os problemas e as deficiências que ocorreram durante todo o período em que o PT está no governo", adiantou Siqueira. A assessoria de imprensa de Aécio Neves não informou qual será a estratégia do partido para os próximos dias, como revide às críticas do PT. Coordenador da campanha do tucano à Presidência da República, o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) não foi encontrado para comentar as futuras inserções midiáticas do partido na televisão.
Na semana passada, antes mesmo da escalada de fogo cruzado entre os três principais pré-candidatos, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello disse que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) estava tendo uma postura muito "flexível" em seu entendimento sobre campanhas antecipadas.Novo presidente do TSE, Dias Toffoli fez questão de responder, argumentando que só há campanha quando o candidato pede voto.
A entrada da presidenta Dilma Rousseff e do ex-presidente Lula na pré-campanha eleitoral esta semana foi complementada pelas polêmicas inserções do PT na TV. Depois do vídeo que alertou sobre os "fantasmas do passado", em alusão aos anos do governo PSDB, o Partido dos Trabalhadores exibiu ontem, em rede nacional, a inserção "Com gavetas", no qual um narrador afirma que "nunca se investigou tanto os casos de corrupção no país", em decorrência da independência de órgãos como o Judiciário e a Polícia Federal.
Carlos Siqueira, do PSB, disse que o PT não pode arrogar para si as políticas sociais. "A sensação que dá é que só o PT fez políticas sociais, que tudo começa e termina com eles. O SUS, a universalização da educação básica, tudo isso não tem dono, a conquista desses direitos é lutada sociedade organizada. Esse discurso do PT é de natureza autoritária", afirmou.
Cientista político do Ibmec/RJ, José Luiz Niemeyer não acredita que o PSDB responderá com discurso agressivo nas suas próximas inserções de TV. Ele acha que o perfil do partido não é o de dar respostas ao PT e que Aécio não quer entrar em conflito. "Eles não vão revidar nas campanhas de televisão, o Aécio Neves não vai comprar essa briga com o PT.
As críticas e respostas, que podem ser bem mais contundentes, podem vir da parte dos senadores e dos deputados que já estão habituados a fazer críticas duras ao governo federal no Congresso", afirma Niemeyer. Do ponto de vista estratégico, o cientista político diz que o PT pode estar "roendo o próprio fio" e prejudicando suas alianças para um eventual segundo turno.
"Os comerciais do PT não deveriam ir por esse caminho corrosivo, eles não deveriam investir nesse tipo de discurso. Isso pode provocar algum tipo de ojeriza no próprio Eduardo Campos, que não é o principal alvo de tudo isso, e respingar, fatalmente, no segundo turno, com a Dilma sem o apoio do PSB contra Aécio", argumentou.
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