• Coordenador de campanha de Aécio afirma que prioridade é derrotar "o mal maior, que é o PT", e irrita tucanos
- O Globo
SÃO PAULO e BRASÍLIA - Criou mal-estar no ninho tucano a declaração do coordenador da campanha de Aécio Neves à Presidência, Agripino Maia, que ontem acenou com apoio à ex-senadora Marina Silva, candidata do PSB, num eventual segundo turno entre ela e a presidente Dilma Rousseff. Diante da queda de Aécio nas pesquisas, Agripino reforçou o temor da campanha tucana de ficar para trás na corrida eleitoral, hoje liderada por PT e PSB.
- O sentimento que nos move e nos mantém unidos - PSDB, DEM e Solidariedade - é garantir a ida de Aécio para o segundo turno. Se não for possível, avalizar a transição para o segundo turno. Ou seja, com uma aliança com Marina Silva, por exemplo. É tudo contra um mal maior, que é o PT - disse Agripino, em entrevista publicada ontem no site do jornal "O Estado de S. Paulo".
Um dos coordenadores da campanha de Aécio, Alberto Goldman, classificou de "inconveniente" a declaração.
- Foi uma frase inconveniente, uma bobagem. Não se usa "se" em campanha - disse Goldman, em tom ríspido, ao chegar ontem ao debate entre os candidatos à Presidência.
Aécio evita comentar
Na saída do debate, questionado se apoiaria Marina no segundo turno, o candidato Aécio Neves respondeu:
- Eu prefiro estar no segundo turno.
O presidente do diretório regional do PSDB em São Paulo, Duarte Nogueira, procurou minimizar os efeitos danosos da declaração à campanha tucana. Após afirmar que "nem a Dilma está no segundo turno", disparou:
- Essa parte mediúnica não está do nosso lado.
Um líder tucano, que também foi ontem ao debate, desdenhou da participação de Agripino na campanha:
- Ele nem é do PSDB.
Aécio, por sua vez, evitou entrar na polêmica, em entrevista pouco antes de sua participação no debate.
- Não conheço essa declaração. Nós temos uma proposta para o Brasil. E, por ser a melhor para o Brasil, estou extremamente confiante de que será a vitoriosa. Nós buscaremos o apoio da sociedade brasileira também no segundo turno. No momento da reflexão maior, no momento da decisão do voto, vai prevalecer dentro daquelas alternativas que se colocam como mudança, aquela que é capaz de transformar esse sentimento de mudança em algo real e melhor para a vida dos brasileiros - afirmou.
R$ 43 milhões arrecadados
Numa clara crítica a Marina, o candidato do PSDB afirmou ainda que não quer "apresentar só sonhos à sociedade brasileira". A mudança de tom reflete uma nova tendência na campanha tucana, a de concentrar todos os esforços em tentar desconstruir a imagem da ex-senadora. Durante coletiva na sede da coordenação de campanha, Aécio ignorou a presidente Dilma.
O tucano classificou de sonhos as propostas apresentadas por Marina na sexta-feira:
- Não quero apenas apresentar sonhos à sociedade brasileira. Quero que esses sonhos de tantos brasileiros possam se transformar em realidade.
As mudanças no programa de governo feitas pela campanha de Marina, após a apresentação oficial de sua proposta de governo, também foram alvos de crítica. Ao ser questionado se faria mudanças após a apresentação, Aécio criticou:
- De forma alguma, até porque nosso programa não é improvisado. Nosso programa tem como base fundamental a coerência entre aquilo que estamos apresentando e com aquilo que, não apenas pensamos, mas praticamos durante toda a nossa vida.
A campanha de Aécio deve declarar, na segunda prestação de contas parcial, que o candidato recebeu até agora R$ 43 milhões em doações de pessoas física e jurídica. O tesoureiro José Gregori disse que, por enquanto, o fluxo de arrecadação está sendo mantido.
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