• Petista diz que não se pode governar "só com boas palavras", sem apoio político
• Em terceiro lugar nas pesquisas, Aécio Neves teve um desempenho tímido e ficou distante dos principais embates
- Folha de S. Paulo
SÃO PAULO - Com a dianteira na corrida eleitoral ameaçada nas últimas pesquisas, a presidente Dilma Rousseff (PT) abandonou a defensiva no debate promovido nesta segunda-feira (1º) por Folha, UOL, SBT e rádio Jovem Pan, e partiu para o ataque contra a sua principal adversária na disputa pelo Planalto, a candidata do PSB, Marina Silva.
A petista afirmou que não é possível governar o Brasil com "boas palavras ou boa intenção", "sem apoio político e sem negociação".
"O maior risco que uma pessoa pode correr é não se comprometer com nada. Ter só frases de efeito", disse.
Desde que assumiu a candidatura do PSB, com a morte de Eduardo Campos, Marina defende o que chama de "nova política", ataca aliados tradicionais do PT e diz que irá governar com os melhores quadros. A ex-senadora já aparece numericamente empatada com Dilma no primeiro turno, de acordo com o último Datafolha. E venceria Dilma num segundo turno, com dez pontos de vantagem.
Os números fizeram com que a estratégia da petista, que vinha insistindo na polarização com o candidato Aécio Neves (PSDB), fosse revista. Dilma passou a atacar a suposta fragilidade gerencial da adversária, que nunca foi eleita para cargos no Executivo.
A petista abriu o debate questionando como Marina pretende bancar as propostas feitas pelo PSB, como o transporte público gratuito para estudantes.
"Hoje, temos um desperdício muito grande de recursos públicos", disse Marina. "Vamos fazer as escolhas corretas e não manter as erradas, como vem sendo feito", completou, atacando os gastos elevados com juros da dívida pública, crítica comum a setores ligados à esquerda.
Dilma rebateu: "O montante prometido em todas essas promessas equivale a quase tudo o que se gasta em saúde e educação".
A polarização entre as duas foi retomada quando a ex-senadora foi questionada se é compatível, com a "nova política" defendida por ela, a omissão dos nomes das empresas que lhe pagaram R$ 1,6 milhão em palestras nos últimos anos, conforme revelado pela Folha. "Se as empresas que contrataram meu serviço quiserem revelar quem foi que me contratou, não há problema", disse Marina.
Dilma defendeu transparência e Marina a atacou pela primeira vez, ao dizer que isso também devia valer para "os R$ 500 bilhões que foram destinados ao BNDES sem que estivessem no orçamento".
Foi uma referência ao fato de o governo ter repassado esses recursos ao BNDES para aumentar a capacidade de financiar novos investimentos de grandes empresas com juros mais baixos que os de mercado. A maneira como os recursos têm sido aplicados, no entanto, não é contabilizada no Orçamento do governo.
Marina também criticou Dilma pelo fato de a petista, segundo ela, não conseguir reconhecer erros. Quando provocada por Dilma sobre suas supostas resistências ao petróleo como fonte de energia e ao pré-sal, Marina novamente criticou Dilma, agora sobre denúncias envolvendo a Petrobras.
Em terceiro lugar nas pesquisas, Aécio teve desempenho tímido e ficou longe dos principais embates. Interagiu mais com os candidatos nanicos e, quando teve a chance de perguntar, optou pelos ataques a Dilma ao dizer, por exemplo, que "os tão alardeados empregos estão indo embora".
"Infelizmente, essa é a herança perversa desse governo, que fracassou na condução da economia, na gestão do Estado e na melhoria dos nossos indicadores sociais."
Aécio ainda questionou a petista sobre a falta de investimentos em segurança pública. Dilma respondeu que ele tinha "memória fraca". E então enumerou investimentos feitos pelo governo federal em Minas, reduto eleitoral do tucano.
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